quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
sábado, 18 de janeiro de 2025
Chegou o Autocarro! Com paragem na Snob 18 de Janeiro!
156p A5 p/b, capa a cores, primeira edição limitada a 100 exemplares, assinada e numerada
.Este é um livro sobre relações amorosas, catastróficas, algumas.
A maioria sobre esse grande espaço de incompreensão que são os homens e mulheres. Relações em crise, por vezes ternurentas, muitas vezes abusivas. Nelas, o sexo, o desejo, a frustração, a manipulação moral, são exploradas.
O conto O Autocarro, faz, de alguma maneira, paradigma ao livro. Nele aparecem a masculinidade insegura, violenta, ou seja, tóxica.
Os contos mais pequenos tendem a ser mais onirizantes e, os maiores, mais realistas, com uma forte incidência na psicologia profunda das personagens.
Numa linguagem insubmissa, por vezes corrosiva, com sentido de humor desconcertante e imprevisto, podemos dizer que estamos perante um livro de contos personalizado tal como Dionísio nos tem habituado.
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Disponível exclusivamente na nossa loja em linha, Socorro e em eventos - como o seu lançamento oficial na SNOB dia 18 de Janeiro 2025, às 18h, com a presença dos autores.
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Será a caneta mais poderosa do que a espada?
A edição portuguesa do Monde Diplomatique tem publicado, sob a nossa coordenação, as respostas a este desafio em Banda Desenhada por uma série de artistas.
Este mês cabe a Júlia Barata (Coimbra, 1981), autora do excelente Família de responder com a violência merecida!
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Labels: júlia barata, Será a caneta mais poderosa do que a espada?
E se fizéssemos uma tatuagem?
E se um livro de "short stories" nos levasse de volta aos mil novencentos e noventas?
E se Alcindo Monteiro ainda fosse vivo?
E se Timothy Leary pairasse sobre a serra de Sintra?
E se este fosse o novo livro de Rafael Dionísio?
Pois é.
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à venda na nossa loja em linha e na Matéria Prima, Utopia, A Vida Portuguesa, Tigre de Papel, Kingpin Books, Alquimia, Snob e Linha de Sombra.
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Historial:
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fotos de Afonso Cortez
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terça-feira, 14 de janeiro de 2025
O Fantasma de Creta e outros contos ---- últimos 10 exemplares
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Alguns já viram a luz do dia, em publicações como a Flanzine ou a Nicotina, outros já foram lidos pelo seu autor em público.
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Historial: lançado no dia 7 de Abril de 2016 na Leituria
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Labels: joão chambel, livros, rafael dionísio
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
O Tempo da Geração Espontânea / últimos 29 exemplares
[novo romance]
de Rafael Dionísio
Sinopse : Este livro Atravessa o arco temporal de fins do século XIX até aos anos oitenta do século XX. No entrelaçar da vida de algumas personagens estalam as contradições do colonialismo, da esquerda, da revolução e da vida depois disso. É um retrato de uma certa geração que nasceu em Angola e que cresceu dentro do regime, na posição de estarem contra ele, e das dificuldades e adaptações que sofreram para se manterem à tona, cada um à sua maneira. É uma obra de um maior fôlego narratológico, sendo, simultaneamente um romance histórico e uma reflexão sobre Portugal. Mas tudo isto a la Dionísio, como é evidente.
356 p. 21x14,5 cm, edição brochada, capa a cores
ISBN: 978-989-8363-26-8
Capa de David Campos
Design de Rudolfo
à venda na nossa loja em linha e na Linha de Sombra, Matéria Prima, Trama e Utopia.
Historial: lançamento brasileiro e universal n'A Bolha (Rio de Janeiro) ... lançamento lisboeta na IV Feira Morta por Pedro Madeira, nos Estúdios Adamastor ...
Feedback: pretexto para reflectir sobre colonialismo, esquerda e revolução e pós-revolução I
Errata online aqui
Sobre o autor: nasceu em 1971 e é sobretudo escritor. Presente desde a primeira hora na Chili Com Carne publicou seis livros nesta Associação. Começou a publicar pequenos textos no já há que tempos extinto DN Jovem. Durante os anos 90 participou com textos em publicações alternativas como a Ópio, Número, Utopia, Bíblia,... Participou em diversas exposições de artes plásticas e durante um pequeno período escreveu recensões na revista Os meus livros. Auto-editou dois fanzines de poesia, refúgios e alguns slides, numa altura em que se ainda não tinha decidido definitivamente pela narrativa. Continua a publicar textos em publicações como Nicotina ou Flanzine.
Andou a estudar para engenheiro no Técnico e, depois, para arquitecto na Faculdade de Arquitectura de Lisboa tendo desistido a meio dos dois cursos. Também estudou Desenho no Ar.Co e houve uma época em que quis ser artista plástico, tendo pintado bastantes quadros e destruído muitos deles. Entretanto atinou com os estudos e enveredou por Estudos Portugueses, na Nova, onde tirou sucessivamente, licenciatura, mestrado e doutoramento em Crítica Textual estando aos papéis do Ernesto de Sousa.
É monitor de cursos de Escrita Criativa, especialmente vocacionados para a narrativa. Em 2014, com os Stealing Orchestra fez um EP que foi recebido com boas criticas pela imprensa.
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domingo, 12 de janeiro de 2025
1 livro 1 disco 1 zine (1?)
Aparentemente o pessoal cagou prá minha sugestão de passar a escrever mensalmente sobre edições que não conseguem entrar n'A Batalha - ou por falta de periocidade em que se encontra o jornal ou por alguns dos objectos não fazerem sentido numa publicação anarquista.
O certo é que Dabstep dos Greengo já é de 2018 mas só agora é que arranjei uma cópia do CD, editado pela Raging Planet. Apesar de fazerem parte dois terços dos "nossos" Krypto, só agora dei-me ao trabalho - uma aparelhagem à séria ajuda imenso - de ouvir isto com a seriedade que merece. Seriedade!? Má escolha de palavra nem que seja porque todas as imagens do disco são sobre erva - sim, aquela que tem THC - chegando ao cúmulo que a versão CD (existe também um LP) tem um recorte em cartolina da "planta maldita". Som pesadão na senda do Stoner que esteve tão em voga no pré-covid, ali onde Sleep largou as botas para os punks. É incrível o que um baixo + bateria fazem - e uma voz (já agora) que não sendo nada de especial, é funcional para o "género"... obviamente que a união com Gon para se transformarem em Krypto fez uma diferença brutal nesse nível (e nos concertos ao vivo). Sim, para simplificar isto é música brutal para ganzados...
Só faltam agora o fanzine e o livro.UFOs in Lahti (Auto-edição, 2024) de Marko Turunen é a colectânea dos quatro "comic-books" do que aqui escrevi há mais de 10 anos! O tempo passa...
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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025
Cartas Inglesas na STET
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64p 16,5x23cm a uma cor, capa a uma cor. |
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terça-feira, 7 de janeiro de 2025
ANARCO-QUEER? QUEERCORE! no Vortex
Historial: entrevista no Bodyspace ... lançamentos a 8 de Abril no MOB e 9 de Abril de 2016 na SMUP com apresentações de Daniel Lourenço (Lóbula; poeta, activista queer) e João Rolo (A Lata Music, Música Alternativa; divulgador de rock independente), com mostra de videos de bandas queercore (Nervous Gender, Super 8 Cum Shot, Limp Wrist, The Gloryholes, Shitting Glitter, Lesbians on Ecstasy, Hidden Cameras, The Clicks), DJ sets de Pussybilly (MOB) e Lóbula (SMUP) e concerto de Vaiaapraia e as Rainhas do Baile (SMUP) ... artigo n'Observador ... artigo na Time Out ... reacção de José Smith Vargas ao artigo da Time Out in Mapa Borrado (secção de BD do jornal Mapa)
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Feedback:
parabéns pela edição do queercore, está alta objecto, o livro!
Bernardo Álvares (dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS, Zarabatana, Älforjs)
Quase a acabar de ler e foi, sem dúvida, uma agradável surpresa (...) empolgante de ler. A verdade é que aguça a curiosidade e a vontade de saber mais. (...) Daqueles livros que nos fazem olhar para as coisas com outro olhar e em diferentes perspectivas. Aconselho vivamente!
Margarida Azevedo (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Nova)
Característica fundamental deste livro é o próprio formato físico e a sua paginação atípica, que se aproxima do formato “fanzine”. Numa escolha estética pouco comum (e exemplificativa do espírito rebelde do livro), cada capítulo é paginado e ilustrado por um artista nacional diferente (...) Este é um documento atípico que pode interessar a curiosos que queiram descobrir um universo musical pouco explorado.
Nuno Catarino in Bodyspace
Bandas como Gay For Johnny Depp (...) ou Tribe 8 entre outras, são retratadas numa narrativa húmida e sem preconceitos.
Luís Rattus in Loud!
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domingo, 5 de janeiro de 2025
Chamar os bois pelos nomes (relatório zines + "indies" 2024)
Pouco a pouco vai-se lambendo as feridas da inércia e ignorância das editoras profissionais e das instituições públicas. É no mundo dos "indies" que se passam as coisas que interessam, mesmo quando a sua dimensão tão consegue influenciar a esfera pública. Azar do caralho...
Ú-quê!?Começo com QEQTPQE?? (imagem do lado) que é uma antologia de um novo colectivo do Porto - é lá que aparece sempre as boas novas! - a Goteira. Foi o evento do ano na BD portuguesa... Para mim, significa estar menos sozinho contra a ignorância que grassa no meio da BD. (...) vou enaltecer o gesto das três editoras-autoras que meteram mão à massa, lançaram uma convocatória e descobriram artistas novos (...) Os "novos" significa que são novidade para o "mercado". Cada um deles tem os seus vocábulos e estéticas, mais inspirados ou menos, com influências mais óbvias que outras, pouco interessa! O que interessa é que estão aqui 132 páginas impressas (...) completamente diferentes do que se fez aqui na Chili e até no passado portuense (...) Que apareçam mais projectos assim!
Dignos de novidade: Guarda-Livros de Teresa Arega, pelas Edições da Ruína, A Armação de Daniel Silvestre (sem o ter visto ainda mas acredito que deve ter qualidade) e os minizines de Tetrateles, que são um verdadeiro "work-in-progress" artístico pessoal.
"O Gato Mariano" voltou ao papel para compilar a primeira parte da sua "graphic novel" (ai!) enquanto um tal de Michi compilou a sua série Meliel, um manga com desenhos super-poderosos.
Continuaram projectos das editoras Chili Com Carne, Erva Daninha (zines), Imprensa Canalha, Opuntia Books (ambas gráficas) e Sendai (BD japonesa), os títulos O Filme da minha vida, O Hábito faz o Monstro, Invasão, Mesinha de Cabeceira, Olho do Cu e Shithole, e foram publicados vários títulos por André Coelho, Gonçalo Duarte e Rudolfo.
Maldito Aquele Lugar (M.A.L.) de Rodolfo Mariano foi recuperado em formato livro, ou seja, os três zines publicados viram "bronze" na sua segunda vida. O que é bom tem de ser republicado para não ser esquecido em meia-dúzia de fotocópias para meia-dúzia de curiosos. Há boa produção em Portugal e ela precisa de ser mais visível, como é óbvio. Ora as editoras especialistas e profissionais parece que estão sempre de olhos vendados. Quando não estão atiram-nos areia para os olhos, como aliás se pode testemunhar que numa ano de muita oferta no mercado livreiro. Dessa fonte infinita a jorrar, só se aproveitou a segunda versão de Here / Aqui do norte-americano Richard McGuire, uma obra tão importante na BD mundial que a editora diz isso mil vezes na sua nota de imprensa - nesse caso não se percebe é porque demorou 10 anos a ter publicação portuguesa. Claro, que só saiu agora devido ao segundo filme que adapta esta obra estar nas salas de cinema! A hipocrisia é um dos maiores luxos já diziam os outros. Dos horrores que atormentam as estantes de BD destacamos, sem ainda não ter lido, os dois volumes de Chumbo do franco-brasileiro Matthias Lehmann, depois de estar desaparecido da edição portuguesa durante 24 anos - a Polvo cagou nele? O resto pouco interessa, esticando a corda há o Zodíaco, as memórias de Ai Weiwei adaptadas pelo casal graco-italiano Elettra Stamboulis e Gianluca Costantini (que no passado colaboraram connosco em vários projectos) mas cujos nomes eclipsaram dos registos do livro devido à gordura chinesa... "Quatro" livros de boa BD pelas "grandes"? Nada mau, já foi pior no passado... embora, percentualmente continua tudo na mesma, não?
Não é uma letra das "Mata-Ratas" mas a prova viva que a BD portuguesa continua afirma-se além fronteiras. O galego fanzine Amorcito publicou André Pereira, a Dileydi Florez saiu na revista finlandesa Kuti, Miguel Santos na revista sueca C'est Bon, Carlos Carcassa e Viviana Coelho na antologia Xorumin do Brasil, Bruno Borges duas vezes na revista eslovena Stripburger, Ana Margarida Matos no fanzine neerlandês Wobby; juntamente com Amanda Baeza e Daniel Lima foram publicados nas antologias letãs Kuš!. Desta mesma editora Sara Boiça teve direito a um mini kuš!
Matos viu o seu Hoje não publicado nos EUA (e reeditado com nova capa em Portugal - imagem do lado), Carlos Carcassa viu uma colectânea publicada na Mansion House (França), Nunsky teve reeditado em capa dura Erzsebet no Brasil (Zarabatana), Xavier Almeida um livro inédito pela Belleza Infinita (Espanha) e na Colômbia saiu Babelikon, uma colectânea de trabalhos de André Coelho, pela Vestígio.
O colectivo Magma Bruta foi ao Graf (Barcelona), Rui Moura ao Crack (Roma), a Chili ao Tenderete (Valencia) e Vinhetas sobre o Atlântico (A Corunha) - com uma exposição a "comemorar" os quase 30 anos de existência; a Imprensa Canalha ao Tenderete e Autobán (A Corunha) e a Umbra também foi ao Autobán. Francisco Sousa Lobo esteve na Alemanha a convite do Camões. Matos e Ivo Puiupo estiveram com trabalhos representados em Praga, ao Festival Lustr com direito a entrevistas no catálogo do evento - sendo que Matos estve lá presencialmente. Ah! E o Filipe Abranches foi à Feira do Livro de Buenos Aires a representar Lisboa, cena oficial e tal...
Foi um ano rico em "mercado dos indies": a FLIFA (como deve ser desta vez, sem direitinhas a foderem o esquema), Parangona (aliada à FEIA da música), Raia e Vieira da Silva em Festa (Lisboa), Feira da Alegria e Perímetro (Porto), Livindie (Arcos de Valdevez), Feira do Livro de Arte (Coimbra) e o Festival de BD e Fanzines de Alpiarça.
Mas o que se fez de bom este ano foram duas edições do Culturismo Hardcore (imagem ao lado) na loja Socorro (Porto) que é o "maior evento de nicho" de cultura Pop: videojogos, BD, música feita por pessoas reais e não por palhaços profissionais. A última edição até se dedicou à BD e onde se viu uma divertida performance de Luís Barreto e Bugs a interpretarem diálogos da BD Partir a Loiça (toda) e com intervenções musicais (das bandas que entravam na história). Genial! Para além disso, o culturismo materializou-se em dois números do seu fanzine homónimo. E falo de um fanzine no seu sentido original: obra de vários autores, fãs de cultura Pop à margem e com notícias de situações que nenhum media oficial seria capaz de registrar, como a visita do tradutor de BD japonesa Ryan Holmberg a Portugal. Numa Era de zine washing, fakezines ou post-zines este é o único fanzine TRVE!!!
Barreto foi aliás o Gajo da BD do ano. O tal Partir a loiça foi o zine mais caro de sempre! Editado como mais um número do Mesinha de Cabeceira e publicado entre a Chili Com Carne e o Culetivo Feira, custou 1000 paus (porque foi o vencedor do concurso da Chili do ano anterior, Toma lá 1000 paus e faz uma BD!) mais os custos de impressão e de um CD que acompanhava a edição. Foram feitos 200 exemplares e com um PVP a 10 Euros nunca se conseguirá recuperar o investimento. É esta dose de loucura que se precisa... Barreto ainda fez prá Erva Daninha o Lado A / Lado B. Só mostra que o pessoal do Rock tem mais pica do que os da BD!
A Aldeia Global confunde tudo. Então temos o gringo A Coxa Eléctrica a fazer fanzines em Lisboa, enquanto que o brasileiro Alex Vieira, residente no Porto faz regressar o mítico Prego - cheio de autores do outro lado do atlântico e com Carcasa e Rudolfo como representantes 'tugas. A residente em Buenos Aires Júlia Barata viu o seu livro Família (imagem ao lado) a ser traduzido em português, para a colecção RUBI - ao mesmo tempo que o seu trabalho é rejeitado pela BD Amadora para exposição.
O francês Charles Berberian regressou a Lisboa para falar do seu último livro (inédito em Portugal, claro), a luso-descendente francesa Madeleine Pereira veio mostrar o seu livro sobre os emigrantes portugueses que davam o salto nos tempos do fascismo - a ser editado em português -, e o norte-americano Christopher Sperandio voltou para mais uma exposição. Tudo isto na Tinta nos Nervos. Para quê os festivais de BD?
Sim, é verdade que Tardi e Antoine Cossé estiveram em Beja, e com exposição. E ao que parece estiveram na Amadora a sul-coreana Keum Suk Gendry-Kim, Lehmann e o brasileiro Marcelo D'Salete. Todos estes artistas fazem BD "de intervenção" ou de denúncia social. Do que adiantou? Deram autógrafos a cromos da BD e mais nada!? Algum deles foi entrevistado nos jornais ou na TV? Ou até em sítios em linha especializados de BD??? Pelo menos o Sperandio voltou a ser notícia do decadente Diário de Notícias... Isto para dizer que para os Festivais terem lá "temas contemporâneos" ou uma javardice Pop qualquer é o mesmo. Não é a partir daqui que eles farão qualquer divulgação e/ou expansão do medium para além das suas paredes quadradas. Talvez seja por isso, que haja uma nítida fuga de exposições para outros espaços e que sejam estes que realmente impressionam ou que interessam. Aliás, quando um festival de BD cobra 6 euros para vermos fotocópias em molduras, o que dizer desta fatelada toda!?
Sendo um ano de comemorações do 25 de Abril houve um foco em retrospectivas de artistas gráficos que até criaram uma iconografia desse momento histórico. Excelente a de João Abel Manta, no Palácio Anjos em Algés. Também houve do grande cartoonista António (Vila Franca de Xira), Henrique Ruivo (1935-2020) na Tinta nos Nervos, Cristina Sampaio (Casa da Imprensa, Lisboa) e Fernando Brito (Clube do Desenho, Porto).
Lucas Almeida teve uma exposição de pintura na galeria Passevite mas também mostrou os originais de Contos do Campo. No meio de Arte à séria estavam páginas do Muchechoo : Trump Card de Rudolfo na exposição colectiva Singsong na ZDB. Sem medos!
Continuaram os ciclos de programação do WC / BD (com destaques para Rodolfo Mariano, Amanda Baeza, 40 ladrões, Mariana Pita e Ana Maçã), Storytellers (que acabou este ano) e Flexágono sob a batuta de Pedro Moura para o Festival literário Fólio (Óbidos) com trabalhos de Alexandra Saldanha, André Coelho, António Jorge Gonçalves, Filipe Abranches, José Smith Vargas, Maria João Worm, Miguel Rocha e Miguel Santos.
A mais nova Bedeteca - e também a mais velha - que abriu no Porto começou a sua programação, dela destacamos as exposições de Nunsky e Daniela Duarte. Havendo um historial detrás dos responsáveis pela Bedeteca do Porto - incluindo o saudoso Salão do Porto e a revista Quadrado - espera-se mais e sempre melhor desta instituição em progressão..
Por fim, o melhor, uma retrospectiva de Francisco Sousa Lobo na galeria da escola Ar.Co. intitulada de PAPER WRAPS ROCK (imagem ao lado) e a colectiva Deeptime no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, uma parceria entre a rede Icon-Mics e o CIUHCT, onde participam Amanda Baeza, Ana Maçã, André Pereira, Bruno Borges, Cátia Serrão, Daniel Lima, Hetamoé, Mao, Ricardo Paião Oliveira, Rudolfo e os espanhóis Begoña García-Alén, Irkus, Martin López Lam e Roberto Massó. Em ambos casos houve um cuidado para que houvesse uma sobriedade e pensamento expositivo das pranchas - ou seja, não houve macaquices de cenografias kitsch a enfeitar os espaços como se fazem nos festivais de BD. Sendo alguns destes nomes os melhores artísticas contemporâneos portugueses é giro topar que foram parar a outras instituições mais sérias que as "bedófilas", porque será? (não é um pergunta, no máximo é apenas retórica)
E volto a bater no ceguinho. Todas as maleitas acima referidas revelam a falta de cultura na Banda Desenhada, transversal às instituições públicas ou empresas privadas. De resto, falar de BD como se fala de música ou cinema, continua a não acontecer. Aliás, até foi um ano em que acho que não houve nada na imprensa que fosse relevante - um artigo ou entrevista, por exemplo. No máximo as típicas resenhas com os caracteres bom contadinhos nos sítios do costume.
Naquilo que é "especializado" pouco a declarar, destaque para as entrevistas a Miguel Rocha, Mosi e Nunsky no sítio em linha H-Alt. De continuar a recomendar o blogue My Nation Underground, claro está! E da minha parte, farto do Bordalo Pinheiro, fiz uma intervenção sobre Carlos Botelho (1899-1982) na Casa da Achada. O Quarto de Jade também fez uma apresentação na Casa Fernando Pessoa sobre o seu trabalho mas só assisti à excelente conversa intimista de Maria João Worm na STET, sobre o seu universo artístico que passa pela pintura, BD ou caixas de luz sem distinção ou hierarquia entre elas, foi lindo! Isto ao contrário da choradeira que foi a conversa para comemorar os 20 anos do blogue Ler BD. Apenas lastimável - como três pessoas que são críticas profissionais só falaram de lugares comuns, e pior ainda, de autores comuns. Para esquecer mais valia o Pedro Moura ter trazido uns copos e charros. Em compensação, organizou o livro Ilan Manouach in Review - Critical Approaches to His conceptual Comics, livro académico pela Routledge, sobre a obra de Manouach - em que encontramos um artigo pela Ana Matilde Sousa.
Já referi aqui a visita do tradutor Holmberg, tendo ido à escola Ar.Co e Tinta nos Nervos (quantas vezes já escrevi este nome neste texto!?) para educar-nos sobre grande o artista japonês Yoshiharu Tsuge (inédito em Portugal, sim claro) e a emblemática revista Garo (1964-2002). Thanks man!
A Bedeteca de Lisboa continua em trânsito na Biblioteca de Marvila, devido às trapalhadas da Junta de Freguesia dos Olivais - que pela segunda vez teve a sede a ser revistada pela PJ! Já lá vão três anos num bairro inacessível de Lisboa que está aquela que foi uma instituição que deu à BD portuguesa brilho. Em compensação no Porto abriu uma nova Bedeteca, esta será a primeira que é privada (toadas as outras são municipais), financiada pela loja Mundo Fantasma e recupera o acervo da primeira Bedeteca deste país, criada em 1990 pela Comicarte (que organizou o Salão do Porto!), um clube de BD da Comissão de Jovens de Ramalde.
Por fim, instiguei a antologia Massa Crítica, talvez a primeira que se fala de BD em BD - à la Scott McCloud, topam? - que aproveita as participações portuguesas da antologia australiana Opposights (Silent Army, 2021), ou seja, Amanda Baeza, Bruno Borges, Cátia Serrão, Gonçalo Duarte, Hetamoé, Mariana Pita, Pedro Burgos e Rui Moura; e junta novos discursos de André Lemos, André Pereira, Lucas Almeida, Miguel Ferreira, Miguel Santos e Rodolfo Mariano. Cada um à sua forma exprime sobre as suas experiências na cena, explora as formas da BD ou escreve ensaios sobre BD. Alguns são muito sérios, outros hilariantes, e há aqueles que disfarçados de avatares dizem muitas mais verdades que dezenas de blogues da treta... Tinha de ser publicado em português para combater a ignorância! Feito!
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