sábado, 9 de agosto de 2003

Índios do Norte

Bildmeister: "Explay" (CD'02, Switch On)
Norton: "Make me sound e.p." (CD'03, Bor Land + Skud & Smarty)

Estas são duas edições de duas bandas que criaram as suas próprias etiquetas para editarem os seus EP's de estreia - os Norton co-editam com a "importante" Bor Land.
Como é possivel depois de mais de 7 anos após a exploração do Indie-Pop ainda haver bandas como estas? Souberam que houve um movimento Post-Rock que os "indies-popers" foram explorar esse género a seguir? Ouviram, por exemplo, os últimos 4 álbuns de Radiohead? Já sabem que não existe Dinosaur Jr.? Sabem que há um revival do Rock - um Rock energético e cheio de pica? Não, não devem saber! Estas bandas só sabem ser chatas e aborrecidas! Sem conteúdo e originalidade! Disfarçam-se em belas embalagens de CD's como maior parte das bandas portuguesas fazem actualmente.

[um aparte ou um desabafo se preferirem] o que interessa é ter bom aspecto: a embagem do CD, a produção em estúdio, as fotos promocionais, o video-clip e o press-release, qualquer coisa para escapar às coisas principais: a originalidade (que todos dizem sempre o mesmo: já foi tudo inventado!), o sentimento, a loucura, a intimidade... Desde que os Blind Zero apareceram que a música portuguesa tornou-se num buraco negro de criatividade. As bandas aperceberam-se que podiam ter sucesso como eles tiveram (?) bastando para tal tocar bem um género de preferência que esteja a dar no momento para a máquina capitalista ter os seus "local heroes", e ter uma postura profissional. E isto vale para as bandas que estão em grandes editoras como para aqueles que estão em editoras pequenas ou que auto-editam e seja para bandas de qualquer género ou sub-género for (metal, punk, hardcore, indie-pop, rock, pop, goth, ...) Sejam "starletes" como os David Fonsecas, fusionistas como os Blasted Mechanism ou os bimbos das boy's-bands e afins... [fim]

Ainda assim digo, paradoxalmente, quem dera que o design das edições portuguesas tivessem o bom aspecto como estas duas edições mas isso não basta para aquilo que interessa: a música e a expressão artística.
O que motiva a esta gente a editar música que nada trás de novo?
15 Minutos de fama? Papar umas miúdas mostrando que fazem música sensivel para gente sensivel (snif-snif)? Para dizerem que são alternativos só porque em Portugal as grandes editoras não querem saber de bandas de guitarradas Indie-Pop? A auto-edição ou a edição independente não é uma espécie de estágio para o sucesso deve sim representar marginalidade ou o alternativo. E enquanto não conseguirem aproveitar o facto de serem pequenos e que ninguém quer saber deles para criar livremente não será nunca que o conseguirão fazer.

Qualidade numérica: 2/5 (cada) Objectivo pós-audição: levar prá Festa de Troca de Discos, trocar os dois CD's por um de uma banda indie inglesa dos anos 90

PS: E já agora, eis a foto dos Bildmeister (o que é isto!? Que ricos "criadores de imagens"!!):

- Assim é que não vão comer gajas, pá!