terça-feira, 25 de outubro de 2005

Roteiro breve da banda desenhada em Portugal

Carlos Pessoa
CTT; 2005

- Porque é que a galinha maoista atravessou a estrada?
- Para fazer Mao Mao!

Portugal gosta de gastar dinheiro com projectos cheios de boas intenções mas sempre concretizados por criancinhas. O que raios vêm esta edição (bem feitinha apesar de alguma paginação kitsch) vem trazer de novo em relação aos "Comics em Portugal" (Cadernos da Bedeteca, Bedeteca de Lisboa e Cotovia; 1997) ou a "Das conferências do Casino à Filosofia de Ponta" (Bedeteca de Lisboa; 2000)? Nada excepto duas coisas, uma aproximação ao público dada à distribuição nos infinitos balcões dos CTT aliada à tiragem de 7000 exemplares, e uma síntese generalizada da história da bd portuguesa (cujo o património está ao maior nível europeu!) em texto "light"/rapidinha (o que não é mau propriamente dito). Então onde falha? Basicamente na capacidade de Carlos Pessoa de ignorar os tempos contemporâneos com uma tal displicência que seria imediatamente expulso do Comité se ele fosse maoista... e claro aliado ao Leonardo de Sá, um psicopata bedófilo que insiste em aparecer com o nome assinado "De Sá" (sim o "d" maiúsculo no "de"), só podia sair um registo que elimina nomes como André Lemos, Isabel Carvalho, Pedro Nora, David Soares, Marte (a série Loverboy é referida mas o criador/argumentista não é referido), Pepedelrey, Janus, Richard Câmara, Esgar Acelerado, Rui Ricardo, etc... nem o Mesinha de Cabeceira (o único zine que é editado há mais de 10 anos e que ainda existe!)... talvez num plano institucional e "clean" (como é o caso) a maioria destes nomes não merecem entrar só que para um "roteiro", onde este livro podia se distanciar dos outros já referidos seria precisamente na observação do que se passa nos dias de hoje ou o que se passou nos últimos 10 anos.
Reaccionário? Burrice? Ignorância? Incapacidade de "ler" as novas gerações? São hipóteses viáveis para definir o perfil de Carlos Pessoa. Só podemos esperar pela sua reforma ou morte (natural ou acidental) para que o Público (e outras instituições que não sabem com quem estão a trabalhar) fique saneado deste tipo de gente para dar lugar à nova geração de críticos e investigadores de bd.
Por fim, é giro inventar um sub-título como "Da Picaresca Viagem à Pior Banda do Mundo" (soa a qualquer coisa, não é?) que só se encontra timidamente na ficha técnica. Covardia será outra característica da pessoa do Carlos? Ou do De (com D grande!) Sá?

- Mao Mao!

2,5

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