segunda-feira, 26 de junho de 2006

Toing!

v/a: "Antologia de Música Electrónica Portuguesa" (CD'04; Plancton Music)

Outra surpresa da Feira Laica, na sua componente da MAIOR feira de zines e edição independente, foi a tomada de existência da editora Plancton Music - que existe desde 2002. Apenas com três CD's editados prova a sua existência com um programa de reedição de música electrónica produzida em Portugal. O seu primeiro CD reeditou Música de Baixa Fidelidade de António Ferreira, originalmente pela Ama Romanta (1988), seguido de um CD (inédito?) de Jorge Lima Barreto e em 2004 esta antologia que reúne trabalhos entre 1972 e 1997 de criadores portugueses no campo da electrónica.
Dirigido por Rafael Toral (ele próprio incluído na Antologia, a solo e como integrante dos No Noise Reduction), este escolheu peças de Jorge Peixinho (1940-1995), Cândido Lima, Emanuel Dimas de Melo Pimenta, Isabel Soveral, Filipe Pires, Telectu, Carlos Zíngaro, António Ferreira, Nuno Canavarro, João Pedro Oliveira, René Bertholo, Nuno Rebelo e Anar Band. Toral afirma no texto da brochura do CD: «O meu objectivo foi o de tecer um fio histórico que ultrapasse livremente fronteiras entre os territórios culturais dos autores e documentar a maior diversidade possível de abordagens à electrónica, tanto a nível material como conceptual. É um trabalho que abordei numa perspectiva artística e pessoal. Ou seja, a antologia será uma obra em si, e as relações entre as peças representadas no disco regidas por valores musicais e não cronológicos ou outros. Quis também lançar sobre cada autor um olhar possivelmente surpreendente, tentando sempre escapar à imagem-tipo de cada um, evocando ainda subtilmente a dimensão lúdica dos processos criativos. Os excertos escolhidos foram-no pela sua importância musical e pela relevância na história (colectiva e/ou pessoal). Com esta abordagem, porém, não quis nem pôde a presente antologia ser exaustiva ou completa».
Música dura de se ouvir, tal é o ruído gerado pela maquinaria (alguma criada pelos próprios autores, como é o caso de René Bertholo), muitas vezes quase que monossilábica, provocadora de ambientes pesados e pouco lúdicos - duvido que até qualquer fitoplâncton, bacterioplâncton ou zooplâncton terá vontade de ouvir isto mais que uma vez. Um documento importante para um país que precisa de se ouvir.

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