Strong Girl #1-3
Mikko Jylhä
Ed. de autor; 2007-10
Quando li os primeiros dois números destes fanzines de BD que contam uma história de continuação lembrei-me de Women in Refrigerators, um sítio em linha que lista as degradações que as personagens femininas sofrem nas BDs de super-heróis. Embora nada haja de macabro nesta BD, é algo inconsciente e irracional a compração.
Strong Girl tem uma história naíf e nitidamente bizarra nas suas intenções e resultados. Publicada em formato comic-book, está escrito em inglês e relata as aventuras da super-heróina Strong Girl contra a super-vilã Urinatrix. A trama é hermética q.b., não por ser complicada, apenas porque nada do que acontece na história seja convicente para nos preocupar ou acreditar em algo, ora vejamos, Strong Girl luta contra os Homens de Urinatrix, um panda gigante e no final contra um monstro que só pode ser destruído com bebidas alcóolicas. Existe um mistério a resolver que mete relacionam umas tartes e o abandono de maridos da sua união matrimonial - levando às mulheres a criarem uma associação Mulheres Preocupadas e a contratarem uma detective particular. E ainda há um golfinho que apareçe assim sem mais nem menos no meio de uma luta...
O desenho é devedor à onda Indie norte-americana dos anos 80 e 90, com um ou outro problema de proporções e pespectivas não muito graves. Já os movimentos e as poses são bastante convincentes e suspeito que Mikko tenha feito toda esta BD apenas para "exercitar os músculos" - sei que ele tem um grande interesse em animação. Não creio que haja aqui um programa "mongochista" de degradação feminina como acontece com a indústria norte-americana de BD - a única vez que há degradação é quando o desenho piora e a escultural Strong Girl fica com uns pneus na barriga... Nada contra os pneus no corpo feminino ou das super-heróinas mas é que esta tem um alter-ego todo ecologista e estafeta de bicicleta... Deveria estar em forma, não?
Devo admitir que foi a bd que mais me divertiu no Festival de BD de Helsínquia 2008, tendo apenas nesta última edição conseguido o número 3, onde se chega à conclusão da série e à perda (inevitável?) da aura mística que a BD tinha. No início entra-se num universo cheio de ar fresco e "fucking weird" - algo que me fez comparar à mesma sensação quando li o Malus - mas dada às inconsequências das acções, tudo se evapora como qualquer inocente BD de aventuras para rapazes (ou raparigas). Apesar disso não deixa de ser uma BD divertida no melhor do espírito finlandês.