terça-feira, 16 de maio de 2017

Pelo amor da tia...

Pá, a sério, Panelak!? É que já não se fazem piadas destas em 2017... Por acaso o Sto. Wikipedia diz-me que "panelák" é uma palavra checa para habitação social do tempo soviético e deve ser por isso que este projecto tem esse nome - é que soa a tal. E a panelas! A terceira faixa a guitarra soa a panelas a serem batidas e não há nada a fazer! Os instrumentos reais são guitarra e laptop que são abusados por um músico de Leeds - agora residente em Lisboa. Músico Noise / Improv está apto a sobreviver ao mundo pós-web 0.2 com todos os seus excessos digitais e respectivos glitches. Tal como peluche da capa que parece ter óculos especiais para ver unicórnios fluorescentes na verdade ele está a ver a um carrossel com falta de óleo, a ranger de zumbidos que dão dores-de-cabeça, porra, sei lá, acho que vou vomitar algo em RGB... Isto é um ambiente doente de quem bebeu vodka barata e jurou nunca mais beber e fumar na vida mas como não cumpriu a promessa vê-se agora arrependido e indefeso, sem conseguir desligar o "play" da aparelhagem. Este CD-R homónimo de 2013 (da Augurosakuson) é uma coisa doente de se ouvir e espero que nunca mais se grave nada assim! Thanks mate!


Entretanto... comprei o CD de Corman intitulado The Corman Film School (Sinais; 2013), verdadeira meia-hora de tortura sonora não pelo ruído mas pela inaptidão da banda, verdadeira "Cafetra do Metal" - ou Crap Metal como assume a banda. Os músicos são uns "não-músicos" desajeitados como o famoso realizador de filmes de série B Roger Corman era quando era pobrezinho e independente. Entesados pelo imaginário "B", os Corman tocam Hard 'n' Heavy dos primórdios em que os fantasmas de Black Sabbath ou Pentagram assombram as gravações. Ensaíaram, gravaram e lançaram o disco tudo em puro espírito DIY, atitude Punk afastado da subcultura Metal cada vez mais armada em Diva - e como tal, cada vez mais aborrecida e inócua.
A voz lembra a do Nunsky quando este tinha os The ID's mas isso pouco importa porque ninguém os ouviu nos finais dos anos 90. As semelhanças não ficam por aqui por causa da fixação mútua pelo "B". Nesta espiral de auto-nostalgia, o CD soa-me a essas k7s dos The ID's, ou seja, negras e lo-fi com sentimento, apesar do bedum do "kitsch". A capa está na mesma linha estética, tanto que foi graças a esta imagem tão insólita e maravilhosamente amadora em 2017 que o disco me chamou a atenção na prateleira do Metal na Glam-O-Rama. É linda! Incluindo a contra-capa e "artwork" do livrinho do CD. Ninguém já faz coisas assim...

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