sábado, 31 de dezembro de 2022

Brand New You're Retro


Que nome para "banda" - ou será "one-man-band"? Moon-Liters / Millennium Development Goals... Fuque duque! "No wave post jazz rock noise" seria o rótulo para a coisa e ainda faltaria algo mais a dizer. Eis um CD bizarro em 2021 pela Shhpuma mas que podia ter sido editado ontem tal é a santa javardice pós-moderna dos temas que poderia ser James Chance and the Contortions como God is My Co-Pilot, RTX, Flaming Lips e Biota. Em Nerve Agent! ouve-se tudo isto sem o ser realmente, os temas longos (média de 8 minutos) são auto-mutantes, modificam-se como um "teenager" estimulado com açúcar, videojogos e pornografia barata. No fundo era o que a Cafetra gostaria de ter feito... mas isso agora... 
De relembrar que os discos da Shhpuma são de salutar pela qualidade e pelo ar fresco. Bem que precisamos deste caso raro editorial. Bom Ano Novo!

domingo, 25 de dezembro de 2022

sábado, 24 de dezembro de 2022

Lamento morto


Eis um CD que tem tudo para correr mal: o nome do projecto a lembrar os anos 80/90 com os "k" a substituir os "c" na disKoteca ou na Kafetaria, já para não falar do próprio título que traduz para português o género que é tocado - Dark Ambient. Sei lá, como hoje é noite do nascimento do porco nazareno, este Ambiente Negro (Raging Planet; 2022) d'A Kriatura até está a soar bem e até tem som de criancinhas a curtirem a vidinha. As peças musicais são flocos de Drone Giallo, sintetizadores à Goblin, pós-industrialismo (metal remix), temas curtos que isto não é para ficar em transe! Não tem o volume e dimensão de Beherit nem de Metadevice mas serve para o que hoje se quer: um Bom Natalixo!

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

ccc@natal.cosmos



PS - não a MMMNNNRRRG não vai voltar nem vai "tocar"
O "Peter" é que se excitou!

PPS - vamos lançar o novo Mesinha de Cabeceira com a presença do autor Rodrigo Villalba!


sábado, 17 de dezembro de 2022

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Dédalo dos Fanzines - 25 anos


Há cerca de 25 anos atrás, depois de saber (provavelmente, através do jornal Blitz) que tinha sido editado o “Dédalo dos Fanzines”, contactei o editor para adquirir a publicação. Para o efeito, enviei uma carta com o pedido, acompanhada de um cheque de 1.500$00 escudos e fiquei a aguardar a volta do correio (era assim que se fazia nesse tempo).

Passado bastante tempo, recebi uma simpática missiva de Geraldes Lino (um dos editores) a devolver-me o cheque, justificando que o "Dédalo dos Fanzines" teve uma muito escassa tiragem, praticamente uma edição experimental, com a finalidade principal de obter "copyrights" e impedir que outros usurpassem a ideia. Explicava ainda que em consequência da reduzida tiragem, a edição tinha esgotado imediatamente após ser colocada à venda no Festival da Amadora.

Não obstante, estava nos propósitos dos editores fazer uma nova edição melhorada e com algumas rectificações a sair entre finais de 1998 e inicio de 1999.

Na mesma carta, com a sua proverbial curiosidade, Geraldes Lino questionou sobre a possibilidade de lhe encontrar um livro de BD, relativo à cidade de Braga que não tinha conseguido arranjar e solicitou também uma lista dos fanzines que eu possuía.

Muito generosamente, depois de lhe enviar o tal livro, recebi, em troca, uma montanha de fanzines editados por Geraldes Lino e outros que ele tinha repetidos. Nos anos seguintes, fomos mantendo algum contacto esporádico, mas nunca mais houve novidades sobre a reedição do "Dédalo dos Fanzines - O Catálogo das Publicações Amadoras de Banda Desenhada em Portugal".

Da última vez que abordei o assunto, Geraldes Lino referiu que o facto de ter cortado relações com o outro editor (Leonardo de Sá), inviabilizou qualquer hipótese de reedição do Dédalo.

Após mais de duas décadas de busca persistente, acabei por conseguir obter um exemplar do "Dédalo dos Fanzines" e confirmar que a edição foi de apenas 40 exemplares numerados e assinados pelos editores.

Toda esta situação é bastante lamentável, ainda mais tendo em consideração que a bibliografia nacional relativamente a esta matéria é praticamente inexistente.

No prefácio, Leonardo de Sá informa que o "Dédalo dos Fanzines", seria um mero capítulo de uma obra magna que estaria (estará ainda?) a preparar - Dédalo: O Catálogo da Banda Desenhada em Portugal, e que teria ganho autonomia com a colaboração de Geraldes Lino, provavelmente o maior colecionador em Portugal de fanzines de banda desenhada.

Em troca de correspondência em 1998, Geraldes Lino referiu que possuía cerca de 350 títulos editados desde 1972, correspondendo a cerca de 2.000 exemplares / números.

Ora é exatamente esse raro espólio que é inventariado no "Dédalo dos Fanzines" ao longo de 60 páginas, organizadas por ordem alfabética, começando no fanzine "À Margem" e terminando no "Zorck".

O "Dédalo dos Fanzines" é extremamente sistemático e formal, fornecendo todas as características das publicações referenciadas, sendo, no entanto, muito parco em imagens, o que se revela a sua principal lacuna.

Cada entrada no Dédalo é constituída pela referência às características identificativas (nome, editor, data de edição, números publicados, etc.) características físicas (formato, tipo de impressão, n.º de páginas, tiragens), bem como uma brevíssima descrição do conteúdo de cada publicação e identificação dos participantes.

Rememora-se assim, os 25 anos decorridos desde a publicação do "Dédalo dos Fanzines - O Catálogo das Publicações Amadoras de Banda Desenhada em Portugal" e homenageia-se os seus editores, especialmente o já desaparecido Geraldes Lino.

Renova-se a esperança de uma nova edição revista e atualizada abrangendo os 50 anos de publicação de fanzines de banda desenhada em Portugal.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Massa crítica?




Nestes anos estranhos de Covid só percebi em Junho deste ano que a antologia de BD Opposights pela Silent Army finalmente saiu. Junta nas suas páginas autores portugueses e australianos a tratarem das suas experiências com o meio da BD. Da parte portuguesa estão artistas fantásticos como a Amanda Baeza (que fez também a capa) ou a Hetamoé - hilariante a sua BD, parte com tudo!!!!!!!

Entretanto o editor e artista gráfico Michael Fikaris teve uma exposição inaugurada este Sábado na Tinta nos Nervos e tivemos uma conversa... e... foi o "high five" de missão cumprida!




Da minha parte ajudei o Fikaris na selecção e pelos vistos fui recompensado aparecendo nas BDs do Rui Moura e da Mariana Pita.



Se o Rui mostra uma homenagem porque lhe foi parar uma CriCa nos tempos do saudoso Milhões de Festa, já a Pita trata-me como se fosse um maluquinho. É merecido! Mas o melhor dela é algures na BD que mete o fofinho a dizer isto: Curators for a zine fair? What the f**k is this? Talvez a cena mais brilhante alguma vez escrita na BD portuguesa!!! Quem achasse que a Pita era só fofuras, fiquem então a saber que ela sabe dar uma doses de realidade crítica assim nas entrelinhas.

Por fim, mandar vir este livro da Austrália é uma dor de cabeça de guita e de burocracia - as alfândegas portuguesas deveriam entrar numa BD da Cátia Serrão ou do Pedro Burgos, por exemplo... Se calhar fazia-se uma edição portuguesa disto, não?



sábado, 3 de dezembro de 2022

Conversa com Michael Fikaris


O grande Michael Fikaris regressa a Portugal desta vez na Tinta nos Nervos

Este artista multidisciplinar australiano baseado em Melbourne, Fikaris desenvolve o seu trabalho gráfico sobretudo nos campos da banda desenhada, das artes de impressão e da pintura, cruzando temáticas como a segurança sanitária e a natureza. A exposição Out There que reúne um conjunto substancial de trabalhos originais e múltiplos surge na Tinta nos Nervos por ocasião da passagem do artista por Lisboa para uma conversa com Marcos Farrajota este Sábado às 16h, a propósito do lançamento do livro SRY not sorry, pela editora e nossa parceira letã Küs.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Terminal Tower - ESGOTADO / edição colombiana lançada este ano...




I define Inner Space as an imaginary realm in which on the one hand the outer world of reality, and on the other the inner world of the mind meet and merge. Now, in the landscapes of the surrealist painters, for example, one sees the regions of Inner Space; and increasingly I believe that we will encounter in film and literature scenes which are neither solely realistic nor fantastic. In a sense, it will be a movement in the interzone between both spheres. J.G. Ballard

Com este 16º volume da Colecção CCC dá-se uma transformação na própria colecção. Se entremeávamos um livro de literatura por um gráfico logo a seguir, durante 14 anos, com quase sempre com os livros do Rafael Dionísio e quase sempre com as antologias de BD, a natureza da obra deste novo livro Terminal Tower de André Coelho e Manuel João Neto, deixa de fazer sentido a nossa lógica editorial ou até a distinção dos formatos dos livros literários dos gráficos.

Terminal Tower teve um processo criativo entre o artista e o escritor fora da lógica da banda desenhada - em que há um argumento para ser adaptado para desenho em sequência. Assim sendo, as ideias do livro foram sendo construídas em simultâneo pelos dois autores, tendo como premissa a de um homem isolado numa torre em estado de alerta.

Partindo dessa torre, Coelho foi criando alguns desenhos que despoletaram ideias narrativas e que potenciaram outros desenhos que por sua vez geriam as indefinições das narrativas que rodeiam esse contexto, numa espiral criativa.

A ideia central do livro é o delírio engatilhado pela paranóia, sem que se perceba se o despertar dos mecanismos da torre é real ou se existe apenas na cabeça do homem isolado na torre, pois nada parece funcionar, tudo parece uma ruína do futuro em que se cruzam referências decadentes aos universos de Enki Bilal, J.G. Ballard (1930-2009) e da música Industrial - não tivessem os dois autores ligados a esse tipo de música através do projecto Sektor 304.

Historial: lançado no dia 31 de Maio no Festival Internacional de BD de Beja 2014 com exposição dos originais ... seguido de outras exposições na El Pep / Imaviz Underground (Julho), Treviso Comics Fest (Setembro) e Amplifest (Outubro) ... nomeado para Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada ... Sugestão de "leitura-a-três" (?) pelo jornal I ... edição colombiana pela Vestigio ... entrevista na revista colombiana Blast ... 

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Feedback:

(...) Depois da bomba, os estropiados – depois da expilação nuclear, os mutantes. A monstruosidade é uma sátira cruel à diversidade, uma fantochada feita de ruído. Não tem beleza. Não tem significado. A não ser a beleza do aleatório e o significado que decidimos impor. Criar relevo é inventar significados: vivemos numa realidade imaginada, mas as ficções que criamos não são mentiras, são exofenótipos – não se pode ser humano sem uma torre, mas aceitar a torre é aceitar o monstro. Aceitar o apocalipse. Nada é mais fácil.
David Soares / Splaft!
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(...) a NASA tinha inventado o super-negro. (...)  é a BD que está a ir mais longe na busca de um super-negro psicológico, virtual… (...) Logo ao olhar para a capa somos chupados para o seu negrume, que se vai adensando ao longo das primeiras páginas. Percebemos de imediato que estamos num cenário bélico, pré ou pós-apocalíptico…
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Neste livro experimental os códigos da BD são levados a um extremo próximo da abstracção. Não é simpático para o leitor, pois deixa quase tudo em aberto e descarrega nele imagens fortíssimas e acutilantes. (...) Um dos traços da maturidade do género é a amplitude de um campo de expressão que vai do pueril intencional ao questionar dos limites, zona de fronteira onde este Terminal Tower tão bem se insere, mais próximo de uma sequência pictórica do que da narrativa linear. Lendo-o, ou sendo mais preciso, construindo mentalmente uma possibilidade ficcional a partir da iconografia, ressoava-me na mente o ruído elegante do noise industrial (...) Mais do que uma história, este livro é uma experiência do tipo mancha de Rorschach. Vê-se o que se espera, mas também se vê o que se sente no íntimo. E sublinho: contém ilustrações de tirar o fôlego, que se destacam no absoluto preto e branco mate do papel impressão mas se vistas no tamanho real e media original ainda são mais deslumbrantes.
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As receitas de químicos e materiais, numa profusão de termos técnicos específicos, (...) em que uma suposta linguagem o mais objectiva possível, sendo apresentada num contexto totalmente deslocado e acompanhado pela materialidade das imagens e em relações texto-imagem inesperadas, atinge uma dimensão poética tumultuosa, que obriga o leitor a tentar coordenar elos vários, nenhum dos quais possivelmente o correcto, mas cujo objectivo é mais atingido pelo movimento de tentativa do que por uma conclusão conquistada.
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Um livro para pensar, esta deveria ser a referência de todas as publicações, mas nem sempre é assim. Com Terminal Tower é verdade.
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 O convívio de variadas técnicas como fotografia, colagem e sobreposição com o meio desenhado não parecem em nada deslocadas ou em choque, e denotam maturidade na manipulação do meio comunicativo, culminando no forte impacto da maioria das páginas, necessário para suster uma narrativa tão pausada e por vezes quase como que um telegrama, mas a meu ver muito adequada. Andre6 / Wook
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Terminal Tower es una joya The Watcher and the Tower



ISBN: 987-989-8363-27-5
144p. p/b + cores, 16,5x23cm
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talvez encontrem ainda exemplares na Mundo Fantasma, Matéria Prima, BdMania, New Approach Records, Utopia, Bertrand e Linha de Sombra.


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