I define Inner Space as an imaginary realm in which on the one hand the outer world of reality, and on the other the inner world of the mind meet and merge. Now, in the landscapes of the surrealist painters, for example, one sees the regions of Inner Space; and increasingly I believe that we will encounter in film and literature scenes which are neither solely realistic nor fantastic. In a sense, it will be a movement in the interzone between both spheres. J.G. Ballard
Com este 16º volume da
Colecção CCC dá-se uma transformação na própria colecção. Se entremeávamos um livro de literatura por um gráfico logo a seguir, durante 14 anos, com quase sempre com os livros do Rafael Dionísio e quase sempre com as antologias de BD, a natureza da obra deste novo livro
Terminal Tower de
André Coelho e
Manuel João Neto, deixa de fazer sentido a nossa lógica editorial ou até a distinção dos formatos dos livros literários dos gráficos.
Terminal Tower teve um processo criativo entre o artista e o escritor fora da lógica da banda desenhada - em que há um argumento para ser adaptado para desenho em sequência. Assim sendo, as ideias do livro foram sendo construídas em simultâneo pelos dois autores, tendo como premissa a de um homem isolado numa torre em estado de alerta.
Partindo dessa torre, Coelho foi criando alguns desenhos que despoletaram ideias narrativas e que potenciaram outros desenhos que por sua vez geriam as indefinições das narrativas que rodeiam esse contexto, numa espiral criativa.
A ideia central do livro é o delírio engatilhado pela paranóia, sem que se perceba se o despertar dos mecanismos da torre é real ou se existe apenas na cabeça do homem isolado na torre, pois nada parece funcionar, tudo parece uma ruína do futuro em que se cruzam referências decadentes aos universos de Enki Bilal, J.G. Ballard (1930-2009) e da música Industrial - não tivessem os dois autores ligados a esse tipo de música através do projecto
Sektor 304.
Historial: lançado no dia 31 de Maio no
Festival Internacional de BD de Beja 2014 com
exposição dos originais ... seguido de outras exposições na
El Pep / Imaviz Underground (Julho),
Treviso Comics Fest (Setembro) e
Amplifest (Outubro) ... nomeado para
Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada ... Sugestão de "leitura-a-três" (?) pelo jornal
I ... edição colombiana pela
Vestigio ... entrevista na revista colombiana
Blast ...
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Feedback:
(...) Depois da bomba, os estropiados – depois da expilação nuclear, os mutantes. A monstruosidade é uma sátira cruel à diversidade, uma fantochada feita de ruído. Não tem beleza. Não tem significado. A não ser a beleza do aleatório e o significado que decidimos impor. Criar relevo é inventar significados: vivemos numa realidade imaginada, mas as ficções que criamos não são mentiras, são exofenótipos – não se pode ser humano sem uma torre, mas aceitar a torre é aceitar o monstro. Aceitar o apocalipse. Nada é mais fácil.
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(...) a NASA tinha inventado o super-negro. (...) é a BD que está a ir mais longe na busca de um super-negro psicológico, virtual… (...) Logo ao olhar para a capa somos chupados para o seu negrume, que se vai adensando ao longo das primeiras páginas. Percebemos de imediato que estamos num cenário bélico, pré ou pós-apocalíptico…
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Neste livro experimental os códigos da BD são levados a um extremo próximo da abstracção. Não é simpático para o leitor, pois deixa quase tudo em aberto e descarrega nele imagens fortíssimas e acutilantes. (...) Um dos traços da maturidade do género é a amplitude de um campo de expressão que vai do pueril intencional ao questionar dos limites, zona de fronteira onde este Terminal Tower tão bem se insere, mais próximo de uma sequência pictórica do que da narrativa linear. Lendo-o, ou sendo mais preciso, construindo mentalmente uma possibilidade ficcional a partir da iconografia, ressoava-me na mente o ruído elegante do noise industrial (...) Mais do que uma história, este livro é uma experiência do tipo mancha de Rorschach. Vê-se o que se espera, mas também se vê o que se sente no íntimo. E sublinho: contém ilustrações de tirar o fôlego, que se destacam no absoluto preto e branco mate do papel impressão mas se vistas no tamanho real e media original ainda são mais deslumbrantes.
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As receitas de químicos e materiais, numa profusão de termos técnicos específicos, (...) em que uma suposta linguagem o mais objectiva possível, sendo apresentada num contexto totalmente deslocado e acompanhado pela materialidade das imagens e em relações texto-imagem inesperadas, atinge uma dimensão poética tumultuosa, que obriga o leitor a tentar coordenar elos vários, nenhum dos quais possivelmente o correcto, mas cujo objectivo é mais atingido pelo movimento de tentativa do que por uma conclusão conquistada.
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Um livro para pensar, esta deveria ser a referência de todas as publicações, mas nem sempre é assim. Com Terminal Tower é verdade.
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O convívio de variadas técnicas como fotografia, colagem e sobreposição com o meio desenhado não parecem em nada deslocadas ou em choque, e denotam maturidade na manipulação do meio comunicativo, culminando no forte impacto da maioria das páginas, necessário para suster uma narrativa tão pausada e por vezes quase como que um telegrama, mas a meu ver muito adequada. Andre6 / Wook
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ISBN: 987-989-8363-27-5
144p. p/b + cores, 16,5x23cm
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talvez encontrem ainda exemplares na
Mundo Fantasma,
Matéria Prima,
BdMania,
New Approach Records,
Utopia, Bertrand e
Linha de Sombra.
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