sexta-feira, 13 de abril de 2007

Recebi uma tonelada de CD-R's no último fim-de-semana, num reflexo imediato da sociedade da hiper-informação digital. Deverei demorar mais do que uma semana a assimilar o lote inteiro. Tenham lá paciência!!

Zlknafal, Arraial (imagem) e Satnorte são um dos mil projectos Noise e Ambient de Iana Reis que agora edita em CD-R (não é a única como iremos ver ao longo da semana) sob o selo Lvcenti.
- Zlknafal junta Zlknf (sim, outro projecto) e Arraial. É talvez o mais interessante por ser progressivo e variado na sua meia-hora de som ambiental;
- Arraial tem um tratamento gráfico superior ao típico CD-R (rodela pintada à mão ou com um autocolante dentro de uma bolsinha de plástico). Tem uma capa A5 em cartão protegido por papel de arquitecto. O Arraial é infernal a lembrar momentos tão bons como o mestre Japanoise Merzbow - o que se coloca na questão não resolvida se o Noise será algo fácil de fazer especialmente nos dias de hoje em que a tecnologia digital está ao alcance se qualquer um. Mesmo sabendo que os samples são analógicos (percursão com peças de metal e madeira) o resultado é um uniforme a "muito Noise" que anda por aí...
- Só Satnorte é que tem direito a título de edição: No Man's Land mas tem apenas uns 15 minutos de barulheira em doses homeopáticas: silêncios relativos explodem em ruído com intermezzos da Internacional (creio...).

Já anda já por ai o EP "Tiras de milho" (Prod. Gelpi; 2007) dos Fritos que depois será decentemente editada pela Mini-Groovie - realmente o aspecto gráfico do CD-R está podre! A banda pratica um punk'n'roll "frito", barulhento e cheio de pica como qualquer "power trio" deveria ser e soar. Não se percebe as letras - o que uma vantagem - aliás, nem se percebe se cantam em inglês ou português - parecer ser inglês mas os títulos estão em português, whatever. Para quem os viu ao vivo sabe o que esta banda vale.

Juntando duas das entidades já aqui referidas - a Iana Reis e o F. Leote, baixista dos Fritos - temos o "Psychiatric DJ" (F. Leote; 2007) que é uma compilação de sons das sessões do DJ Psychiatric (F.Leote). Predomina o "plunderfónix" com spokenword e por isso mesmo não admira nada que vamos aqui encontrar The Evolution Control Committee, John Oswald e CassetteBoy... De material original temos a primeira faixa, Samplage em Masse (I. Reis e F. Leote) onde se ouve o Saúl ou os Negativland.

Os punks até percebem do DIY e isso tudo mas depois espalham-se na ecologia - não sabem tirar fotocópias frente e verso para o livrinho do CD poupando a Natureza?. Creio que aquilo que tenho nas mãos é a discografia completa dos franceses Gu Guai Xing Qiu (ed. de autor; 2005) uma verdadeira de máquina Grind pós-moderno em que os fãs de Dillinger Escape Plan ou Agoraphobic Nosebleed irão adorar tal é a complexa estrutura bungleana dos temas editados entre 2003 e 2005 incluidos num split-LP com Death to Pigs (2005), um CD e CD-R homónimos (2004 e 2003 respectivamente). No total são 24 faixas de loucura!

Da S.O.C.O. - um "sindicado musical" gerido por uma certa Ovelha Negra, parceiro das infames noites Industrial XXX - vieram dois discos surpreendentes:
- Um sample da editora, "Música a soco - compilação 2006" (S.O.C.O., 2006) em que temos de tudo: Rock (Neupath), Electro (toyRus), Industrial (Stuka), HipHop (Pitbulls da Piedade), Dark Folk (Aelia Capitolina) e Electrónica (Cabeça de Cabra, Ovelha Negra). São projectos com bastante interesse em que gostaria de destacar os Pitbulls da Piedade e Aelia Capitolina. No primeiro caso por ser um outsider da cena Hiphop consegue ter uma parte instrumental acima da média nacional e quanto às letras, bem... sabendo que se trata de uma piada às questões de vivência suburbana só leva a sério quem quiser, da minha parte acho uma risota do caraças!!! Aelia integra também uma parte instrumental a fugir dos clichés antigos de Death in June e afins - felizmente! Apesar da estrutura Dark ser o que se pretende daqui em que a música é «sobre Militão Ribeiro. Comunista morto nas prisões do principio de 1950. Não nas mãos do fascismo e não pelo Comunismo» estou curioso em ouvir a "obra completa" que já está disponível em CD.
- "Música para desempregados" (S.O.C.O., 2006) é a estreia dos Stuka, uma dupla que tem guitarradas em constante feedback por Pedro Baptista (que era o compositor dos saudosos e caóticos Damage Fan Club, lembram-se?) e maquinaria a debitar ritmos e samples de chefes de regimes totalitários (Fidel, Kim Jong, ...) pelo Ovelha Negra. Numa atitude anti-fixe e kriegtotal, os Stuka assumem que o que fazem não é música para o star-system e que os concertos não são para ser concertos mas sim performances para acordar os instintos violentos das pessoas adormecidas deste novo milénio - pedem porrada nos concertos! Revolução não violenta o caralho!

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