segunda-feira, 2 de junho de 2008

Parvotronics

Talvez não se lembram desta... mas houve um "post" no blogue do Mesinha de Cabeceira em Dezembro do ano passado sobre o quão mau eram uns CD-promos que saquei na Rádio Zero... Entre eles estavam uns tais de Noidz e o seu CD-single de estreia "Water World" (Som Livre; 2007). De alguma forma ficou para trás porque esqueci-me dele e porque queria saber mais sobre o projecto que apesar de ter uma onda foleira não deixa de intrigar em alguns aspectos. Para começar, não percebi se é uma continuação dos Orgasmo... Digo isto pela proximidade de algumas ideias: juntar música electrónica com Rock, conceitos de personagens ("aliens" que vêm à Terra tocar! Por favor...), anonimato dos músicos e os nomes das personagens têm nomes começados por ou com a letra Z. Bem, os Orgasmo eram suaves e espaciais, bastante interessantes, ao contrário destes Noidz que usam Techno de trolha e umas guitarradas Heavy por detrás. Trance-Metal? Sim, é isso mesmo, inesperado na primeira impressão mas impossível de se ouvir mais de uma vez. Se ainda fizesse noites de Trocas de Discos até calhava bem...

A colectânea C:\>_THOMAR (Thisco; 2008) mostra que a Thisco segue estável após algumas edições "maradas". Este CD é uma colectânea de projectos electrónicos da cidade de Tomar mas sem querer impingir uma cena porque admitem que não existem - melhor ser franco que inventar tretas como Madbaça por causa dos Gyft e dos Loto! Como tal amigos de fora também entram no disco. Reduzindo a uma média, o CD vai para o electro-IDM tão bem-comportado como tudo em Portugal, havendo destaques não tão excitantes como isso para o Drum'n'Bass negro de Beeper, o Industrial-Light dos Waste Disposal Machine, o Glitch-funcional de Monoboy e o etno-ambient de Euthymia. Dois desatinos: Os U-Clic chegaram ao fim da linha, como já se previa à bastante tempo, acabando por participar neste disco como "os engraçadinhos" a versionar um jingle publicitário das canetas Bic (sim é esse mesmo: «Bic laranja, Bic cristal (...)»), desesperados para darem nas vistas - claro que a nostalgia funciona, pelo menos não fizeram mais uma versão dos Kraftwerk! Tatsumaki a usar o mesmo samples (será um filme da Christiane F.?) que os Meat Beat Manifesto já usaram noutros tempos, coincidência ou plágio descarado?

Por fim, temos VortexSoundTech com "Fiery silence" (Thisco; 2008) que é um álbum de Dark Drum'n'Bass que conspira EBM e IDM em algumas doses. De certa forma lembra Panacea um bocadinho menos violento e com vozes (sampladas ou "de origem"). Admito que tinha curiosidade em ouvir este projecto num disco próprio porque saiam-se bem no terceiro volume de À Sombra De Deus (2004). Infelizmente, o que acontece é o que acontece com mil outros discos que andam por aí (de qualquer género): não há contenção e ainda não passadas as 13 faixas / 72m de música a coisa começa a saturar, e de forma inevitável vamos encontrando clichés aqui e acolá e pensamos porque raios o pessoal adora encher chouriços só porque os CD's comportam 80m de música /MG de informação? Num jantar com um dos Negativland, Mark Holsler queixava-se que a "geração download" passou a ser um consumidor de Singles sem capa ou informação extra - para além dos receios do Mark Hosler serem alarmitas (os primeiros singles da indústria fonográfica não tinham capas personalizadas e toda a música popular é feita de singles) quando vemos toda esta hiper-informação ou "hiper-edição" (?), até é uma vantagem haver um single bom! Whatever...

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