quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Laica Som Sistema

Coisa boa a Feira Laica! Um gajo enche-se de coisas novas para ver e ouvir! E esta última trouxe muitas que já começamos a divulgar aqui no blogue. Vamos prás antologias musicais neste "post".

Começamos pelo evil metal! Que pelos vistos em Portugal está em grande a julgar pela Infected (Infektion; 2011), uma colectânea da revista em linha Infektion Magazine. Excluindo uma treta meio-power-metal todo o CD é quase exclusivo de bandas Death e Black, um momento ou outro entra algum Metalcore e Nu-Trash, sendo ainda que das 18 bandas, só três são estrangeiras - por acaso até são as que tem o pior som. Longe de haver algo de original ao que se faz pelo mundo, destaco umas quatro bandas: Darkside of Innocence (Death progressivo, cheio de breaks, na linha de Ephel Duath), Peste (Black'n'Roll vomitado em português), Into the Abyss (Death à séria!) e No Bless (Electro-Babaji-Metal).

The Futureplaces Impromptu All-Stars Orchestra com Poststop (Crónica Electrónica; 2011) fazem-me lembrar algo que o Napoleão disse: "Se queres algo que se concretize faz tu mesmo, senão cria uma comissão." Durante dois dias do festival Future Places e usando a mão-de-obra dos músicos do C.C. Stop (um centro comercial decadente do Porto onde bandas passaram a usar as "lojas" como locais de ensaio e estúdios) foi produzido este CD num workshop. Dizem os apontamentos do CD que quem trabalhou nisto analisou, dissecou e discutiu ideias mas ouvindo a coisa, parece tudo mal enjorcado. Um pós-modernismo em pó misturado em águas de Electrónica, Jazz, Dub, Industrial,... Não sabe mal mas sabe a artificial. Alguém (sem relação com o projecto ou editora) deu-me este CD... não deveria ter aceite!

Porra, este é já o terceiro CD-R que tenho do Presidente Drógado por isso já devo ter a música dedicada ao Beefheart em três versões diferentes ou então em 3 CD-Rs diferentes, não sei, tenho de ver a "colecção" lá em casa! O Presidente Drógado lançou um novo disco na Feira Laica (onde tocou com toda a agarradice) e a julgar pelo crescente grupo de pessoas que colaboram no disco como Rita Braga, Karlheinz Andrade, João Gama (dos Traumático Desmame, banda que Leote também faz parte), Bernardo Devlin (produção),... este deverá ser a versão mais finalizada para uma "edição oficial" - as edições tem sido CD-Rs manhosos do "capataz da pirataria", Leote Records!
Tal como o Futureplaces também se sente alguma artificialidade nestas novas versões e novas canções, talvez porque geralmente o Drógado toca sozinho ao vivo (e nos registos) e como tal acompanhado soa apenas a estranho. No entanto há elementos que vão aparecendo ao longo da audição que soam demasiado a estúdio estragando a aura "lo-fi" que lhe têm sido característica. Espero que o Presidente não se esteja a estragar porque de resto, não há nada mais a declarar, ele continuar a fazer os retratos perfeitos da vida podre que se vive nas cidades e arrebaldes.


Meto no mesmo saco o disco de estreia e auto-editado dos galegos Cró! (que tocaram na Laica) e Godofredo (Fora do Eixo + Big Bross; 2011) dos brasileiros Vendo 147 não apenas porque são ambas instrumentais - embora Cró! tenha alguma voz ocasionalmente ao vivo ou samplada - mas porque ambas dão vontade de pensar porque raios gajos novos acham que podem soar a velhos? Uma banda instrumental não é coisa de meninos, ou sabem tocar como doidos varridos ou então devem ter ideias geniais. Ficar a meio caminho dos Trans Am, Magma, King Crimson, Mahavishnu Orchestra e Battles é pior do que ficar a meio caminho de Ramones ou dos Cannibal Corpse - ainda assim...
Até podem vir com uma bateria gémea (parece que está na moda) mas isso não esconde a falta de tesão - no caso dos Vendo 147. Podem ir buscar samples de Bill Hicks (parece que está na moda) mas isso não impede a rigidez das formas - Cró! O que são boas são as embalagens dos seus CDs, especialmente no caso dos Vendo 147, que é um díptico no formato de um single 7" dá mesmo vontade de atirar o CD pró ecoponto e substituir por algum vinil que não tenha capa protectora... Para fechar e sob uma pespectiva nacionalista: já não nos bastava ter de aturar a xungaria dos Paus e dos Torto...

Chegamos por fim às edições da Marvellous Tone. O CD de Aceloria é Dubstep puro e duro... Se nas áreas do Rock anda tudo no "post-rock" à Battles (como já vimos), na electrónica (e não só, na Pop em geral) não há gato e sapato que não seja /use Dubstep. Teria de ser um "expert" em Dubstep para perceber a qualidade deste disco - ainda por cima, nem assisti ao concerto que deu na Laica, embora tenham dito bem do concerto... A produção é forte, os beats tem andamento e os MCs que participam tem letras com relevância. Para começar é o mínimo que se pede... Posso afirmar que é uma boa edição mesmo não sendo "expert" em "Dublogia".

E uma k7 para acabar. Algorythms é de Mo Junkie é uma mixórdia de sons que nem sei bem o que pensar. Não é IDM nem Power Electronics, "experimental" é vago até porque há "beats" a correrem aqui e acolá. "Turntablism" também não. Dub é uma das coisas que percorrem por aqui, tal como glitches, loops, samples e toda a espécie de lixo sonoro. Não é Noise porque apenas não há. Isto é Cut'n'paste de bêbado?
Só sei que deixam muita fita na k7 para gravar, por isso, devo gravar alguma treta electrónica a seguir às "faixas" do Mo Junkie... 
Por fim é importante referir que estas duas últimas edições tem capas produzidas pelo Dr. Urânio, o artista plástico mais bem escondido do Porto, perito em colagens "futuro-primitivas". Só me parecem trocadas as capas a de Aceloria ficava bem era no Mo Junkie, e vice-versa... não?

1 comentário:

João Gama Marques disse...

mama a bucha e cala: http://www.reverbnation.com/presidentedrogado