Eu quero que o Fado se Foda! (mas os portugueses são tímidos!)
Como escrevi recentemente os portugueses gostam de - ouvir não sei mas tocar é mais do que certo -géneros lentos e calmos seja qual for o ramo da música. Seguem mais uns exemplos das minhas acusações, estes vindos da parceria da Raging Planet e da Raising Legends, editoras que apostam num catálogo de Rock centrado na ideia de bandas que se reconheça o "profissionismo", ou seja, bandas que tocam "bem", que trabalhem, que dêem concertos, que tenham um som bem produzido (pagando um produtor ou algum cromo estrangeiro para "masterizar") e sobretudo que se embalem bem (em capas, fotos de promoção, vídeos, etc...), ou seja, falo de todo o paradigma do Rock português pós-Blind Zero. Todo este profissionalismo das bandas é uma mais-valia pras editoras? Quando a maior parte da produção nos dias de hoje é baseada em cut/paste e pro-tools? O investimento das bandas e das editoras é realmente recuperado nesta ronha do "sr. profissional"? Fico admirado se o for. Quererá isto dizer que existe uma economia local para o Rock "made in Portugal"?
Mas estas perguntas que ficam por responder nada me impedem de achar que as bandas sofrem falta de originalidade, têm um sentido de oportunismo bacoco e sobretudo falta-lhes energia ou então não a sabem dirigir. Qual delas passa do primeiro disco? Por aqui é só estreias:
Os Amarionette são outros que também se enganaram no título Num dia mau consegue ver-se para sempre (2012)... queriam dizer "Consegue-se ver sempre o mau num dia". Prometem psicadelismo e até começam bem com sons bizarros e o Charles Sangnoir a recitar Almada Negreiros. Pena que o Modernismo se fique por aqui para continuar num choradilho de banalidades post-rock/ post-metal (tanto faz) que só piora quando a vozinha Pop estilo "menina krida" entra a recitar poesia (em português) de fugir a sete pés - agora percebo porque as bandas portuguesas preferem cantar em inglês... Mesmo com vocoder e cadência à Tool consegue-se perceber o que se diz para ficar enojado. O nosso associado João Ortega faz parte do grupo, e não me lembro de mais nada a dizer sobre este disco...
Katabatic com Heavy Water merece o prémio de "embalagem de CD mais sexy 2012" graças a uma impressão prateada em cartolina preta mas ficamos por aqui em relação a elogios até porque quem vê capas não vê corações ou lá o que é... Ainda não percebi porque se chama esta música de Post Metal - e nem me refiro à banda mas ao género que se instituíu - quando de Metal nada tem. De "post" eram bom que todas estas bandas do género fossem ouvir Slint para saber o que pode ser "post" em... 1989. Também seria bom ouvir o velho & defunto Jimi Hendrix, já agora... Pelo menos estes aqui não abrem a boca para dizerem disparates embora elaborem uns coros como se estivessem num estádio de futebol: oooooh ooooooooooh. Música para betos surfistas? Who cares!?
O melhor fica para o fim... que são os Sinistro (2012), constituídos por alguns cromos da cena metaleira - mas que se querem anónimos para já, para não apanharem com comparações inúteis aos outros projectos que estão ligados. Só era escusado aparecerem com capuzes como os sunn0))) para estarem na "Drone-moda". A nitidez do som aparenta simplicidade de execução ou de composição, e é verdade que não fogem à fórmula Post Metal, ou seja para quem não sabe: guitarras planantes seguidas de explosões sónicas, músicas com durações de 4 a 10 minutos, intros com sons "concretos" (ou barulhinhos que não se enquadram no som geral da banda) de um ou dois minutos, etc... No entanto os Sinistro conseguem ter mais variadade de ambientes que o normal ao ponto de haver guitarras Heavy xunguitas à mistura, algum Stoner e muitas piscadelas ao Prog banda sonora de Giallo (tipo Goblin). Não são uma lufada de ar fresco da música pesada como se tem escrito por aí, são apenas superiores à mediocridade, o que não quer dizer tanto assim sobretudo quando só metade do álbum é que consegue fazer esse feito. A seguir esta banda para ver se conseguem fazer mais que "metade de um bom" álbum de estreia.