segunda-feira, 27 de maio de 2013

Graphzines

12 páginas circulares é o que faz o Fanzine do Sol (2012?) de Rafael Ayres, sem assinatura, título ou seja o que for... É mais um objecto artístico que outra coisa caso não tivesse reproduzido em fotocopia lazer. Também não está numerado e custou uns 0,5 cêntimos o que lhe tira, felizmente, o estatuto de livro de artista - essa coisa elistista que não interessa a ninguém. O que se passa aqui? Celebração freak do Sol? Caos criativo juvenil? Who cares! É bem fixe este grafzine!


The Freak Sons de João Guapo é justamente o contrário do "Sol", é mais lunar nas suas (também) 12 páginas A5. É uma publicação gratuita com o objectivo de promover o trabalho de Guapo, ilustrador e autor de BD. Alguns desenhos são interessantes outros não acho o mesmo, para dizer que são bastantes feios, ops, já disse... Coisa limpinha e beta!


A Plana Press é capaz de ser a editora com o melhor Design de sempre em Portugal, dá vontade de comprar todos os livros deles mesmo que o conteúdo (infelizmente) na maior parte das vezes seja um bocado "plano" - como acontece com este Vumbi (2013) de Rita Carvalho. A sinopse fala de um "mapa narrativo" que denuncia o horrível colonialismo belga no Congo nas mãos do criminoso Rei Leopoldo II mas quando tiramos o "mapa" apenas temos dois (três) retratos com texto e outras imagens à volta e uma folha volante com texto. A simplicidade das imagens e da estrutura gráfica parece apenas um exercício gráfico que nem se quer têm excessos ou violência para perturbar - isto se acharmos que uma fila de mulheres negras escravas ligadas com coleiras ou um rapaz com a mão direita cortada como castigo corporal sejam "pouco violentos"!!! Mas sobretudo o que confunde mais é porque se faz uma edição luxuosa sobre um tema político, quer dizer, cada um gasta o seu dinheiro como bem quiser mas ao criar um produto "deluxe" sobre a miséria dos outros, entra-se num paradoxo dificil de resolver e que me leva a alinhar com o cinismo de um amigo meu que diz que os temas sociais e políticos estão na moda. Ora também é verdade que não estamos perante um panfleto ou um cartaz de rua então estamos perante o quê? O pouco trabalho que é mostrado não ajuda a chegar a nenhuma conclusão.

Zoobótica (Dona Zarzanga; 2012) de Andreia Rechena parece um portfólio de desenhos dedicados a bicharada com elementos electrónicos a sairem ou a fazerem parte do seus corpos - é bicharada ciborgue, no fundo... Porreiro mas sabe a pouco nas suas simples 16 páginas A4, como muitas das produções da Rechena, falta-lhe ambição de fazer mais - e consequência inevitável, melhor. O que é pena pelo tempo que se perde. Toca lá a desenhar mais, caramba!

Já o Martin Lòpez Lam com o seu No todo lo que brilla es oro : dibujos 2009-2011 (Ediciones Valientes; 2012) mete um cagalhão na capa mas toda a gente baba com o seus podereosos desenhos do interior. Ou o Martin é parvo ou então é esta a diferença entre os portugueses e os espanhóis - embora Lam seja peruano! - os primeiros fazem meia-dúzia de coisas e acham-se os melhores do mundo, os outros fazem muitas e grandes coisas e acham-se uma merda! Vá-se lá perceber porquê... Usa também serigrafia para intervir nas páginas. Bela edição sem dúvida!

 E para acabar - e em grande - Trude Rabbit (Forte Pressa; 2012) de Bambi Kramer é uma experiência extravagante com as nove folhas soltas e dobradas em duas partes. Ao abrir todas as folhas podemos juntá-las e fazer um painel de seis metros de animalário que sofre estranhas e arrepiantes metamorfoses. 
Houve inteligência na forma como se editou este conjunto de desenhos, seja na disposição gráfica ao longo das folhas seja pelo objecto. Excelente trabalho da italiana Forte Pressa que começa agora a fugir à simples antologias do Festival Crack.

1 comentário:

Van Ayres disse...

Oi. Olha aqui podem ver a Fanzine do Sol e outras de mais pessoas fotografadas. http://cargocollective.com/rafaelayres#Publicacoes-Publications