sábado, 22 de abril de 2023

Contra o bloqueio: 39ml de MdC!



Chega-nos o novo Mesinha de Cabeceira do Tomás Ribeiro, intitulado Artblock
É o número 39 (#2 do vol.XVII) do vosso zine mutante preferido! Sim, mudou de formato outra vez! Quer dizer, mais ou menos... continua quadrado, só um coche maior! 36 páginas 15x15cm todo a preto e branco como qualquer bom fanzine deveria ser! Zim! 
Para quem 'tá com bloqueio artístico, Tomás safa-se com muita pinta neste "comix" que é uma verdadeira passerelle de estilos gráficos e narrativos onde se exibe escalotogia underground (o "comix" foi de propósito!), infografia clínica e filme de animação bué gonzo. Tudo isto em pouquíssimas páginas!
O Mesinha desde sempre que procurou novo talento por aí. E desde 2021, quando voltámos às raízes do fanzinato, que temos tido descobertas incríveis de novos artistas, será vulgar dizer que este é só mais um? É que não queremos provocar um artblock a ninguém! 

Este trabalho foi desenvolvido em estágio via ESAD, Caldas da Rainha, entre Outubro 2022 e Janeiro 2023.

Foram impressos 100 exemplares que podem ser adquiridos na nossa loja em linha



FEEDBACK: 
 É um prazer ver autores de banda desenhada que gostam efectivamente de desenhar, isto é, que vêem o desenho e a banda desenhada como formas de exploração técnica e formal, e não apenas como uma tarefa a executar para se atingir um fim narrativo ou expositivo. Inevitavelmente, o instagram está cheio disso e, por consequência, as editoras, que começam a recrutar autores pela métrica do número de seguidores, também. No momento em que escrevo isto, Tomás Ribeiro ainda tem poucos seguidores no instagram (249, mas desmintam-me: @tom.made.a.comic). No seu zine inaugural, cortesia de um estágio profissional na Chili Com Carne, o autor vira o bico ao prego e transforma o vazio do Artblock em matéria de criação artística, quebrando com as regras da realidade conhecida ao ser capaz de gerar qualquer coisa a partir do nada. Para perceber de onde vem o bloqueio artístico, o zine tem que o tornar tangível para lhe seguir o rasto, experimentando com várias matérias para o enformar. É uma mosca, é uma caixa negra, é um espaço em branco no centro da prancha deixado intocado enquanto um turbilhão de formas orgânicas (talvez o narrador?!) o cercam ameaçadoramente. A forma é importante, não só porque é o que o Artblock só pode ter por empréstimo, mas também porque o autor tortura a figura humana para lá do reconhecível, e porque a procura de uma forma para o Artblock resulta num apontamento sobre as convenções formais da banda desenhada: uma vinheta continua a ser considerada uma vinheta quando o representado não é o que ela encerra, mas sim o que a encerra? Curiosamente, todo o exercício parece o reverso de uma questão milenar que preocupou artistas e poetas (e, infelizmente, também aos seus fãs): de onde vem a inspiração? Será que estivemos a fazer a pergunta errada este tempo todo? Estamos perante uma estreia auspiciosa. 
Mao (via email)

Entrevista ao autor no Bandas Desenhadas

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