terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dada dada dada


A Daada Books é a "label" do finlandês Marko Turunen, inicialmente criada para publicar trabalhos seus, tendo pouco a pouco investido em outros autores como Katja Tukiainen ou os alemães Anke Feuchtenberger e Martin tom Dieck.
Em 2009, Turunen desistiu na sua editora, em parte desiludido com as vendas fracas destes autores fortes mas "difíceis". Tanto que o terceiro volume da série Ufoja Lahdessa já era publicado por outra editora. Passado um ano, a Daada volta e regressa aos trabalhos de Turunen com dois volumes de Der Round e o quarto volume de Ufoja (no prelo). Der Round são livrinhos A6 que dão a entender duas continuações do trabalho de Turunen, por um lado a exploração autobiográfica e iconoclasta que nos habituou com as desaventuras de "Alien" (seu alter-ego), só que desta vez Turunen usa "Der Round", o polícia do futuro que parece saído das bd's de Kevin O'Neill; por outro, explora bd's parvitas com animais ou seres antropomorfizados em situações mundanas, ou seja, temas que também já explorou no passado e que poderão ser vistos na antologia Supernormal. Nada de novo excepto pelo facto que o trabalho continua a ser único e atraente.
Entretanto o regresso da Daada também significa a publicação de trabalhos de alunos de Turunen. São livrinhos de putos com pouco mais de 20 anos cheios de vícios da idade: Manga, humor, animalitos e afins... Tudo muito verde e com pouco sumo, excepto Slaagi de Mikko Luostarinen, verdadeira ofensa visual e mental que parece um mau-híbrido entre o Mike Diana (o naíf, a violência) e Tommi Musturi (o virtuosimo, o psicadelismo). É uma antologia de trabalhos em que a melhor estória passa-se quando um grupo de skinheads ao cair num vórtice espacio-temporal vão parar algures a África subsariana...




Apesar do interesse muito relativo destes livros, são sobretudo uma forma simpática de publicar novos autores e de os lançar à praça pública. Seria bom ver o mesmo a acontecer com os alunos dos cursos de bd em Portugal, ao menos saberiamos que existem autores a sairem desses sítios... mas se calhar não existem autores novos nesses cursos. A sensação que tenho, especialmente depois de sair o Destruição é que na bd portuguesa não serve de nada haver cursos de bd, os autores continuam a construir-se nas margens do(s) sistema(s). Se a bd é marginal em relação às outras artes, é curioso reparar que é nessa mesma marginalidade que reside a sua maior força criativa. O que aliás, não é novidade nenhuma, são sempre nas margens que se encontram as obras interessantes e originais - seja na música, seja no cinema, etc... porque razão haveria de ser diferente na bd?

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