Zines é no Porto!
Trouxe alguns zines da última edição da Feira de Publicação Independente, onde havia dezenas de novidades de zines fazendo do Porto de novo um pólo de zines e edição independente como já não acontecia há alguns anos. O único "mal" é que a maioria dos zines que vi eram de ilustração e design, que sinceramente não tenho paciência. Chamem-me de cromo mas o que gosto mesmo é de ler. Talvez seja um problema português, a falta de cultura visual, que cria comportamentos ora de desconfiança ora de euforia sobre "graphzines" e afins... Como só havia uns quantos zines de bd ou de texto fico por estes "lugares comuns", apesar de serem novidades:
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Para uma publicação de "sátira" (?) política parece bastante púdico, talvez os autores tenham pena dos políticos... afinal eles também são seres humanos, snif, snif...
buracoeditorial@gmail.com
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Puto, mexe-te! Só há sentido para a vida se deres-te ao trabalho de a viver. Só há reflexão depois da acção... caso contrário é só melodrama português, fatal como o seu fadinho... Vai esmagar um carro contra uma esquadra de bófias, queimar algum outdoor ou algo útil do tipo! Ou ouvir o "Sean Paul Satre", o rei do Dancehall Existencialista, caga no escritor francês, boy! Como diz essa grande fonte de sabedoria, Matti Nykänen, "life is the best time you have!".
Em compensação, o Rudolfo é só testosterona e acção xunga assumida para "skaters from hell" ou para quem viveu jogos de computador, "shokushu goukan" (porno japonês com violações por tentáculos), RPGs e toda uma alienação cultural dos últimos 20 anos. Falo de 666 Hardware, um micro-épico trash curtido com o Rudolfo a lamber o desenho para nos impressionar. É uma estupidez pegada numa edição bem cuidada. Pedidos práqui. Imagens em velocidade excessiva (mais que a bd):
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Mas o melhor do Porto, aliás, do Rudolfo é mesmo o seu zine Lodaçal Comix, que vai agora no terceiro número. Um excelente trabalho que merece todos os elogios possíveis. Não sei se o título "lodaçal" apareceu para retratar a "cena da bd portuguesa" e a falta de expectativas que esta área comporta a nível social, económico, profissional e artístico.
Mas se todos os autores fossem empreendedores e abertos como o jovem Rudolfo, a cena seria um "continente" invés dos típicos nomes de projectos dos portugueses que insistem em "meter água" (literalmente) nas suas identidades: BaleiAzul, Polvo, pedranocharco, etc... Mas aqui falamos do oposto simétrico, com o Lodaçal meteu malta nova e "velha", feminina e masculina, nacional e estrangeira, numa produção de qualidade e com regularidade - o projecto apresenta-se trimestral e ainda não saiu um número atrasado! Junta bds de recortes autobiográficos com umas de alucinações grotescas, um bocado de surrealismo post-pop emperfeitamente sintonia com as correntes "underground" da bd mundial.
Só os idiotas do costume não irão perceber que se está a fazer História por aqui. O número quatro vai sair na próxima Feira Laica com um número "fora de série". Razões justificadas para quem gosta de bd ir a correr prá Laica! Entretanto, quem quiser gastar o subsídio de Natal que o faça aqui invés de ir gastar em pizzas (piças?)...
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