terça-feira, 24 de maio de 2016

SplitNot

A quem ache que ser Punk é nunca crescer [I'd rather stay a child / And keep my self-respect / If being an adult / Means being like you - Life Sentence (Dead Kenndys)] o que até pode ser uma boa ideia se já toda a população não tivesse parado de crescer (ver Comicons e Cosplays). O punk português são sempre os mesmos velhadas a fazerem discos e bandas que não conseguem abrir terreno para fora de meia-dúzia de resistentes e/ou nostálgicos e/ou coleccionistas anais. Passaram a ter melhor meios de produção sem que tenham melhorado a sua razão de ser. Sim ficaram crianças, eis uma "catrefa" (ou será uma cafetra?) de discos assim, pelos menos ao splits a reunir sinergias invés dos horríveis discos de uma só face.

Para quê um split-EP de Mata-Ratos e Clockwork Boys (Dog City + Raging Planet + Chaosphere + Hellxis; 2015) com o tema da bola? Porque é divertido... Mesmo um gajo como eu que odeia bola até acha fixe este tipo de xungaria como já aconteceu no passado. Há metade da edição em vinil vermelho e outra em verde, um truque bacoco de mostrar que Portugal é Futebol e que a população socialmente divide-se em vermelhos da populaça que ganha a bola mas é o "eterno enrabado" (Mata-Ratos dixit algures num disco qualquer) e os verdes aristocratas da treta que perdem na bola mas ganham muito mais guito que a populaça - é assim que se resume a bola em Portugal, certo? O lado dos Mata-Ratos não tem temas inéditos, foram retirados do álbum És Um Homem Ou És Um Rato? (Ataque Sonoro; 2004) e os Clockwork regravam o Xalana sabe-se lá porquê... Capa divertida do Pepedelrey mas com grafismo de merda poderá transformar esta edição num ícone se alguém se importasse com isso. Ganham os Clockwork!

Bola outra vez e já deixou de ter piada com o risco de se transformar num sub-género, tipo "Fut-Punk" ou "punk da bola" (tal como há "Hardcore da praia")... Nem se percebe porque a Signal Rex se deu a trabalho de fazer  este split dos Clockwork Boys e dos Scum Liquor intitulado Vitor Baptista (outro futebolista mamado como o Xalala) / Kingshit Cop (2016). Toda a edição tem um aspecto de produção Crust dos 80/90 (quando o género nasceu e cresceu) como se quisesse reclamar uma tradição que não houve cá em Portugal, ou seja, a edição de discos DIY: bandas a auto-produzirem-se, a auto-editarem-se em formatos pobres e modestos como vinil com capas em fotocópia. Isto aconteceu na Finlândia ou Inglaterra. Cá não. Houve excepções, claro como os No Opression ou Corrosão Caótica mas só se fez produtos finais em fotocópia para as "demo-tapes". Agora que a malta é velhinha e com algum guito já se pode dar ao luxo de alguma vaidade mimética e falsificações anacrónicas. Ganham os Scum Liquor porque os vocais desta banda é dos mais podres no espectro punk/hardcore/metal tuga actual. Fixe!

Ainda menos razoável é o split-Maxi de Peste & Sida e Albert Fish (Dog City + Raging Planet + Chaosphere; 2015)! Os primeiros pegam em dois temas de Não há crise (Raging Planet; 2011) e os segundos em dois outros de Still Here! (Raging Planet; 2014). Para quê? Para juntar o punk que soa a 1988 e o Hardcore que soa a 1998? Para fazerem uma capa no formato de LP? Para se sentirem como um "dream team" inter-geracional? Meus, jogo anulado!!! Voltem para o balneário e gravem músicas novas, aquelas que cantam no chuveiro depois do treino, qualquer novo...

Mais bem servidos fica-se com o split-single de Desecration e Holocausto Canibal editado por um colhão de editoras incluindo a portuguesa Chaosphere no ano passado. Três temas de Grind e Death para quem gosta de duas bandas que juntas fazem 40 anos de dedicação a estes géneros - their words. Os ingleses ganham a partida porque naquela ilha nojenta de onde eles vem sempre houve mais estúdios de gravação e ensaio, produtores, instrumentos de música, engenheiros de som, rede de circulação e distribuição e já para não dizer que tem uma cultura que criou estes sonoros grunhos (Napalm Death, por exemplo). Os Holocausto não tinham hipótese desde o início do jogo... E topa-se logo pelo desenho no "picture-disc":

os ingleses sempre foram uns badalhocos... 

2 comentários:

Marion Cobretti disse...

Devias dedicar-te a aprender a desenhar visto que ainda não dominas a matéria e porque como crítico musical continuas um azeiteiro que não pesca nada de punk.

MMMNNNRRRG disse...

shame in tha nigga!