quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Segunda vida?


Lembram-se do X-JAZZ? Duvido muito mas para dizer que a BD do André Coelho que editámos há alguns anos teve uma segunda vida com a edição do CD (e virtual) de A Schist Story, pela JACC

O problema é que não sabemos nada disto até recebermos hoje exemplares de uma edição de 2022 sem muitas explicações ou coisa que o valha. Nem sabemos o que fazer com isto por isso vamos oferecer a quem comprar outros livros nossos... 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

O Mesinha 40 tem um Lobisomem, 3 pastorinhos e tripes!!!! ESGOTADO

 


Eis o novo Mesinha de Cabeceira! É o #40 (#1 do vol. XIII) de autoria do inglês Andrew Smith, em que voltamos a um formato "comic-book" de 28 páginas a preto e branco.

Quanto ao conteúdo temos dificuldades em meter numa gaveta. Há autobiografia light com autoficção, BD cómica-religiosa com um elemento "meta" e ainda alucinações de drogaria e um lobisomem. Olha, o melhor é mesmo ler, meu, ou achas que vais encontrar algo melhor no quiosque?

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ESGOTADO mas pode ser que encontrem ainda na Snob, Kingpin, Tigre de Papel, Matéria Prima, Alquimia,  Tinta nos Nervos, Linha de Sombra e Universal Tongue.

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Sobre o autor: Andrew Smith (1966; Suffolk) estudou Belas Artes em Londres. Publicou as suas primeiras BDs em fanzines punk, tendo seguido para revistas profissionais como a Punch e Spectator entre outras. Foi professor e tendo descoberto Portugal com a sua esposa e cão mudaram-se todos para Serpa. Por cá tem publicado nas colecções Venham + 5 e na Toupeira, ambas da Bedeteca de Beja. Nesta última lançou o "comic-book" O Desastre do Palhaço que foi uma bela surpresa em 2022!

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Feedback:

Ondina Pires gostou!!!

O Bandas Desenhadas entrevistou!!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

FdS no Morto.


Vamos estar nisto:

ATENÇÃO CULTURISTAS™!! O CULTURISMO HARDCORE está de volta com uma segunda edição focada na nona arte (Bêdê, duh!) mas sem esquecer as demonstrações de videojogos independentes em desenvolvimento, concertos de música inspirada por e feita para videojogos, e-sports, mercado de banda-desenhada independente... UFA! Que dose!!! Claro que Cosplay também é bem-vindo.... Toca a exercitar essa cultura! Oupa!

🗯️ Apresentações de BD:
- A FUSÃO DIMENSIONAL E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS NA SOCIEDADE (c/ CEO Culturista & Rudolfo da Silva)

🎮Torneio KUSOGE E-SPORTS:
- GODZILLA: SAVE THE EARTH (PS2)

🎷Concertos:


🕹️GAMING HUB c/ Informador Hi-Tech & Demonstrações de Jogos Indie em Desenvolvimento
🤯Mercado de Banda-Desenhada (com a presença de livros e autores da Chili Com Carne, Culectivo Feira, Palpable Press & +...) e Parafernália Retro-Gamer
🤖Alternador de Discos Automatizado: DJ NICHE ENTHUSIAST
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Abertura de portas: 14 horas
Entrada: 8 Gamers
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Este evento conta com a parceria de: @informadorhitech , @palpablepress, @chili_com_carne e @culetivofeira
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Cartaz por Rudolfo da Silva




Sim também vamos ao Perímetro! Estaremos na Mamuila Filó, entre as 15h–22h no Sábado 14 e as 15h–20h no Domingo 15.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Alta Parangona

Depois de duas edições que foram fiasco, a edição deste ano da Parangona, decorrido este fim-de-semana, foi em alta, grande alta mesmo!!! E em alta também de novidades editoriais, sobretudo de zines que não deverei conseguir ilustrá-los neste "post" porque toda a gente prefere usar as armas do inimigo - a infame "social media" - invés de ter plataformas que pessoas que não participam na palhaçada consigam aceder - é o caso do "fezesbook", "instagrana" e X-ex-twitter.

Bonkers são as BDs-recordações de Gonçalo Duarte na sua segunda estadia nos EUA de há poucas semanas - ou seja, até apanhou com as presidenciais de escolher o menos mau entre os dois, jogo das democracias nas últimas décadas... Basicamente são contados de pequenos episódios de viagem de um país incompreensível aos nossos olhos. O estilo gráfico do GD está a sofrer uma metamorfose para o "cartonesco", ou seja, está tudo mais abonecado mas também mais "completo" e comunicativo. Inclue uma BD em que ficamos a saber como vive o Mike Diana!

Meliel de Michi (aka David Fossard?) é uma compilação dos dois episódios desta série homónima de mangá "mucho dark" em que não percebi patavina do enredo (duvido tenha interesse para mim, pessoalmente, seja como for) mas os desenhos são uma delícia de porrada, bicharada, mini-Gore e Magical Girls ou miúdas demónios com nomes de judaísmo mal mastigado ou lá o que é... Ei! menos conversa e mais acção barata e absurda!

Celsius é um miminho da Maryam Shimizu, autora que em breve entrará nas páginas do próximo Pentângulo, estejam atentos! BD experimental feito para um workshop de fanzines na ETIC, ministrado pelo Gato da Bernarda (piada inevitável) em que não sei se estamos a falar de Amor perdido, de azia ou do aquecimento global - acho que é o último! Peça linda de morrer, grafismo elegante, poderá faltar mais comunicação para gente bruta como eu - ainda mais quando eu odeio cabeças humanas sem expressões, reduzidos ao minimalismo freak da bola a servir de cabeça e uns dois pontos para olhos... Quem consegue desenhar isqueiros de forma tão estilosa também deverá desenhar bem os humanos!

Por fim, Magic Moments, um Opuntia Books, projecto dirigido pelo André Lemos, que lá contruiu mais um exemplar livro de Arte com as pinturas do finlandês Lauri Mäkimurto - será o seu segundo Opuntia, creio... É mais uma descarga visual para quem gosta de arte degenerada! Fogo, nem na loja virtual da Opuntia consegui sacar uma imagem, olha, paciência, vocês que tem todos continhas das redes dos opressores que vejam lá as imagens todas. Tchau! 

PS - Caramba já me esquecia, fora-Parangona mas mesmo ali ao lado, saquei da Flur o último Cadernos de Divulgação (o número 1.3) pela Marte Instantânea. Mais um volume de minúcia arquivista do melómano-acima-de-tudo José António Moura. Um fanzine em formato de doce para quem curte Industrial, EBM e o underground musical pré-internet. Sei que este entusiasmo é parte nostalgia e parte antropologia mas sou um otário no que diz as estas coisas. Ainda estou a devorar as suas páginas mas fica já aqui a dica porque isto deveria desaparecer enquanto o Diabo esfrega o olho!!!

PPS - esqueci-me de forma tola de Morder a mão que dá de comer de Tetrateles, um minizine desdobrável em que se vê que o autor está mais seguro comparando com o seu "stalker'zine". Obviamente que estes minis que está a produzir é todo um processo de evolução artística e cheira-me que vai sair daqui um cão danado! Sei lá se ele tem rede social, quem quiser alguma coisa dele é escrever para tetrateles88 @ gmail . com

Um patamar histórico na colecção RUBI / ESGOTADO


A demanda da RUBI por genuínos Romances Gráficos ímpares chegou a um patamar histórico:

50 anos depois de Yukio Mishima (三島由紀夫 ) se suicidar a 25 de Novembro de 1970 - dia e mês coincidentes com o início da escrita do seu livro Confissões de uma Máscara (1949) - eis que lançamos a primeira obra inédita na colecção:

Mishima : Manifesto de Lâminas

de

Tiago Manuel


Este "Manifesto" é fruto de uma exposição de trabalhos de Tiago Manuel na sala Mário Cesariny durante o Ciclo Mishima - Um Esboço do Nada, entre 17 de Novembro e 14 de Dezembro de 2008 no Centro Cultural de Belém

O trabalho que se publica neste volume é um dois livros que o artista escolheu do universo mishimiano, nomeadamente Confissões de uma Máscara. Dele, segundo João Paulo Cotrim, "fez as lâminas de uma tesoura que esventra a obra, não para a destruir, mas para a homenagear fazendo-a sangrar imagens. Valha-nos S. Sebastião, o do tronco nu em oferenda mística às setas do mundo! (...) Mishima desenhou com a própria carne uma afiado manifesto contra a vulgaridade. Não o do fim, mas o outro, o primordial, revelado por estas imagens: um sabre de palavra."

Obra que abrirá guerras entre os puritanos da Banda Desenhada e do Desenho Conceptual, nesta edição inclui o texto "Visões de Mishima" assinado por António Mega Ferreira, entretanto publicado no livro Mais que mil imagens (Sextante; 2020).



ESGOTADO mas tentem na Alquimia, Fundação Oriente, Kingpin Books, Linha de Sombra, Matéria Prima, Snob, Tigre de Papel, Tinta nos Nervos, Utopia, Vida Portuguesa e ZDB.













Foram feitas quatro risografias para acompanhar a edição impressas na Desisto. Será oferecida uma por exemplar adquirido directamente à Chili Com Carne. Existem 25 cópias para cada imagem, cada uma assinada e numerada pelo o autor.


está a esgotada a última imagem

risografias ESGOTADAS


FEEDBACK

His works reminds me of Roland Topor's works and has a touch of Polish film posters. - DJ Cat Goshie (by email)


Melhores livros 2020 do Expresso


Uma máquina única, onde se reconhece o eco de Mishima, mas onde não falta o reconhecimento de outras dores, dúvidas e vontades universais. - Sara Figueiredo Costa in Expresso


Referido no Nada Será como Dante (RTP2).


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Tiago Manuel (Viana do Castelo; 1955) fez a sua formação artística com os mestres Aníbal Alcino e Júlio Resende. A sua obra tem sido apresentada no país e no estrangeiro em instituições e galerias de referência. Foi premiado várias vezes. É desde 2013 o responsável pela direcção artística e organização das exposições temporárias dedicadas aos artistas ilustradores, um projecto de Rui Faria Viana para a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo. É director artístico da BIG – Bienal de Ilustração de Guimarães, um projecto cultural da Câmara Municipal de Guimarães, criado em 2017 em co-autoria com Rui Bandeira Ramos. 

Algumas exposições individuais: Galeria Abysmo, Lisboa, 2014; “Mishima, Manifesto de Lâminas”, Centro Cultural de Belém, Lisboa, 2008; Galeria Spectrum Sotos, Saragoça, 2008; Galeria Palmira Suso, Lisboa, 2007; Lugar do Desenho, Fundação Júlio Resende, Gondomar, 2002. Algumas colectivas: “Sem Consenso”, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira, 2015; Annual Comic and Cartoon Art Competition, Society of Illustrators, Nova Iorque, 2014; Arco, Casa da Cerca, Almada, 2008 - Prémio Stuart, Lisboa, 2007, 2006, 2004; Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada (Bedeteca de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa), 2004, 2002, 2001, 2000. Na qualidade de ilustrador publicou nos jornais Público, Expresso, Jornal de Letras, Letras & Letras, O Diário e Jornal Cultural Postas de Pescada, nas revistas Colóquio/Letras da Fundação Calouste Gulbenkian, Ler - Círculo de Leitores, Cão Celeste, Intervalo, Bestiário e Torpor e nas editoras Âmbar, ASA, Afrontamento, Media Vaca (Valência), Bertrand, Abysmo, entre outras.  Últimos trabalhos: "O sangue por um fio", livro de poesia de Sérgio Godinho, Assírio & Alvim, Lisboa, 2009; 40 desenhos para o site do filme “As 1001 Noites” de Miguel Gomes, 2013/ 2014; cartaz para o filme “Gambozinos” de João Nicolau, Quinzaine des Realizateurs, Cannes, 2013; cartaz para o filme "Ruínas" de Manuel Mozos, Festival IndieLisboa, 2009. Desde 2000 já publicou 10 dos seus 25 heterónimos (19 livros). Em 2008 criou e passou a dirigir a colecção de banda desenhada "O Filme da minha Vida", editada pela Associação de Produção e Animação Audiovisual AO NORTE, Viana do Castelo.

Mishima - Blade Manifesto SOLD OUT


On the 25th November 1970 japanese writer Yukio Mishima (三島由紀夫 ) commited his ritualistic suicide. 50 years after, at the same day and month, our  RUBI collection released the book Mishima - Blade Manifesto by Portuguese artist Tiago Manuel

It's a graphic reading of Confessions of a Mask (1949), book that Mishima started writting also on the same day and month. This "Manifesto" was made by Tiago Manuel for an exhibition for Ciclo Mishima - Um Esboço do Nada, program dedicated to the write by Belém Cultural Center (CCB) in 2008 and after twelve long years finally it was published in book form - only a small except was published in #20 of Kuš! (Latvia) in 2015. 

The artist used scissors that shattered the original work, not to destroy it, but to honor it by making it bleed images. We hope this vision of Tiago Manuel will open an intellectual battle between "Comics" and conceptual drawing purists.

This edition includes also Visions of Mishima, a text written by curator António Mega Ferreira.


SOLD OUT but try still at Quimby's (Chicago),  Modo (Italy), Just Indie Comics (Italy) and Le Mont en L'Air (Paris)












Four different drawing were printed in risograph at Desisto. One of these images will be a gift to you if you buy directly to Chili Com Carne, There is 25 copies of each, all signed and numbered by the artist.



FEEDBACK

His works reminds me of Roland Topor's works and has a touch of Polish film posters. - DJ Cat Goshie (by email)

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Best Portuguese Books 2020 in Expresso newspaper

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Tiago Manuel is a national treasure (...) - Gabriel Martins in Paul Gravett site

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exciting, experimental recent release in Portugal, (...) Tiago Manuel's Mishima: Blade Manifesto is an evocative suite of transforming text-free images, one per spread (...). - Paul Gravett on FB

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Ostensibly a “graphic adaptation” of Mishima’s Confessions Of A Mask rendered as a series of wordless mixed-media illustrations (each presented within the gorgeous open-bound book adjacent a blank page for maximum consideration value and, if we’re being brutally honest, impact), it would be a mistake at best, betrayal at worst, to think of Manuel’s “suite” as concerning itself overly much with the literal aspects of its subject — after all, if conveying such were his intention, he could have simply gone the “prestige graphic novel” route. Rather, it is the character and philosophy of the work that we are both welcomed to explore and confronted by herein, and while original exhibition curator Antonio Mega Ferreira’s “Visions Of Mishima” text piece serves to set the table, it is the artwork that is the main course, replete as it is with all the martial precision, poetic beauty, unrequited longing, and psychosexual pathology that informed both the narrative it takes it cues from and, of course (and much more crucially, in my view) its author. - Ryan C.'s Four Color Apocalypse

I like it. He's keeping high and blazing the Roland Topor's flame. Samplerman (via email)

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Tiago Manuel (1955; Viana do Castelo) did his artistic training with the masters Aníbal Alcino and Júlio Resende. His work has been presented in the country and abroad in institutions and reference galleries. He has received several awards. Since 2013, he has been responsible for the artistic direction and organization of temporary exhibitions dedicated to illustrating artists, a project by Rui Faria Viana for the Municipal Library of Viana do Castelo. He is the artistic director of BIG - Bienal de Ilustração de Guimarães, a cultural project of the Guimarães City Council, created in 2017 in co-authorship with Rui Bandeira Ramos.

As an illustrator, he published in the newspapers Público, Expresso, Jornal de Letras, Letras & Letras, O Diário and Postas de Pescada, in the magazines Colóquio/ Letras (Calouste Gulbenkian Foundation), Ler-Círculo de Leitores, Cão Celeste, Intervalo, Bestiário and Torpor and in the publishers Âmbar, ASA, Afrontamento, Media Vaca (Valencia), Bertrand, Abysmo. Since 2000, he has published 10 of his 25 heteronyms (19 books), four of them published by MMMNNNRRRG

Some solo exhibitions: Galeria Abysmo, Lisbon, 2014; “Mishima, Manifesto de Lâminas”, Centro Cultural de Belém, Lisbon, 2008; Galeria Spectrum Sotos, Zaragoza, 2008; Galeria Palmira Suso, Lisbon, 2007; Lugar do Desenho, Júlio Resende Foundation, Gondomar, 2002. Some group exhibitions: “Sem Consenso”, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira, 2015; Annual Comic and Cartoon Art Competition, Society of Illustrators, New York, 2014; Arco, Casa da Cerca, Almada, 2008; Prémio Stuart, Lisbon, 2007, 2006, 2004; Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada (Bedeteca de Lisboa), 2004, 2002, 2001, 2000.

Latest works: 40 drawings for the website of the film Arabian Nights by Miguel Gomes, 2013/2014; poster for the film Gambozinos by João Nicolau, Quinzaine des Realizateurs, Cannes, 2013; poster for the film Ruínas by Manuel Mozos, IndieLisboa Festival, 2009; O sangue por um fio, poetry book by Sérgio Godinho, Assírio & Alvim, Lisbon, 2009.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Não é com festas que se comemora 30 anos de Mesinha de Cabeceira mas com isto:

 ESGOTADO



Este é o número do Mesinha de Cabeceira que comemora de vez os 30 anos de actividade deste fanzine - o número zero saiu em Outubro de 1992!

E é um prazer poder publicar Forceps de R. Paião Oliveira em formato físico - originalmente foi publicado em linha no sítio bandasdesenhadas.com - com a sua estética Arcade 8bit embrenhada em tecno-misticismo patchouli.

Uma BD selvagem mesmo que cada pixel seja trabalhado horas sem fim pelo autor, de forma obsessiva e desgastante, ultrapassando a máquina para criar uma parábola que só os mutantes do futuro irão venerar.

RPO é mais um artista que mostra como a cena da BD portuguesa está viva, com ideias e projecção internacional ao ser publicado na última Kuti , publicação de referência com estadia em Helsínquia.

Foi para isto que o Mesinha foi criado.
Foi para isto que o MdC continua a ser publicado.

Obrigado RPO!

zzzt

36p. a cores, formato "comic-book", ESGOTADO este número (#2 do vol. XVI)... talvez encontrem ainda na Tigre de Papel, Kingpin, Snob, Matéria Prima, ZDB, Utopia, Socorro, Alquimia e Tinta nos Nervos.


FEEDBACK:

Estive a ver o mesinha com a BD do Paião Oliveira e parecia que me estava a ser revelado um grande segredo esotérico... Ele não fará parte da Golden Dawn ou algo assim? Achei fascinante
Nunsky (por email) 

 Folheando (...) instintivamente somos remetidos para a dimensão harmoniosa e infalível dos manuais de instruções de montagem da IKEA, apresentados em linguagem Lego, com cores lisas e tons tranquilizadores. Apesar do aparente esquematismo inicial, vislumbra-se uma leve cadência em lenta progressão, uma bem ensaiada coreografia mecânica e precisa a acontecer diante dos nossos olhos. Em suave dinâmica Minecraft, peça por peça, um procedimento após outro, e eis que surge um mundo novo - camada em cima de camada, cada vez mais complexo, totemizado, inexpugnável e arrogantemente vertical. De repente, algo surge ameaçador no horizonte... objectos voadores, que se dirigem imparáveis contra as duas torres siamesas. O rombo na estrutura é notório, mas a destruição não opera os resultados esperados. Os elementos primordiais reagem e de forma orgânica e simbiótica, com sequências a acontecerem em cadeia, por reprodução ou por simetria, movidos por uma febril força criadora que se expande galopante, acumulando cada vez mais elementos. O novo novo mundo aí está refeito, mais complexo e simultaneamente orgânico, uma emulação dos dispositivos tridimensionais pixelizados, esféricos e novamente perfeitos. Eis uma mulher, o ser feminino - o principio e o fim de tudo, uma esperança que se renova. Afinal, parece que nem tudo estará irremediavelmente perdido...
Erradiador in My Nation Underground


(...) un cómic experimental y mudo, que propone, tras una portada de pixel art, la exploración de una estructura fija sobre la que operan unas máquinas, alguna inteligencia ignota, y que se va transformando página a página hasta desbordarse y acabar creando nuevas formas humanoides. El dibujo vectorial y la perspectiva isométrica que domina la mayor parte de las páginas recuerda a videojuegos de 8-bits como Knight Lore (1984) o Solstice (1990), pero sus colores, si bien son planos y limitados, brillan con la pulcritud de las técnicas de impresión más actuales. Se trata de un viaje sensorial, que captura nuestra atención con el ritmo que imponen las viñetas a página completa y el juego que se propone, que invita a fijarnos en los detalles que van cambiando de una imagen a otra. Las simetrías y asimetrías que se van construyendo resultan muy estéticas: es uno de esos fanzines cuya lectura resulta gozosa, porque genera una cierta sensación de orden muy agradable, si bien también sabe subvertirla en unas páginas finales mucho más barrocas, aunque sigan respondiendo a la misma cuadrícula. (...)
 
I like it a lot. I find it very inspiring. I have this obsession with users' manuals and I find there a similar vibe. I love as well the "in process" layout. I want to make something like that where the reader see the pages being built/ transformed page after page. And (probably not intentional but) it's funny to look at the pages' transparency.
Samplerman (via tumblr)


zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzttttt


Here's the Mesinha de Cabeceira's issue which celebrates, once and for all, the 30 mother-farting years of radioactivity of this fanzine.

And so, it's a pleasure to be able to publish Forceps by R. Paião Oliveira i.e., in physical format (as it was originally published online, at bandasdesenhadas.com) with its kind-of Arcade 8bite-me-hard aesthetic, steeped in a proper techno-mystic etherealness o'patchouli.

A wildly-ugly comix, and proudly so, even if each atome-pixel is worked thru endless hours by the Great Authority, in an obsessive-compulsive and/ or exhausting manner, by means of a slow making of love-sweet-love with the machinery in order to generate/create a parable that only the mutant-bodies-and-souls of the far-future will venerate.

RPO is yet another artist who shows how the portuguese comics scene is alive i.e., Portugal is a beautiful circus, a core-monster of artists, as happily exemplified in the most recent spawning of Kuti magazine, a landmark publication forever nestled in the cold comforts of Helsinki.

This is what Mesinha de Cabeceira (in English means "Bedside table") was created for, and why it continues to be published.

SOLD OUT but try at Fatbottom Books (Barcelona), Floating World (Portland), Quimby's (Chicago) and Le Mont en L'Air (Paris)

domingo, 8 de dezembro de 2024

"Devlog"


Pá, não sei o que se passa com os "rudolfos" mas inventam bués universos e quem não percebe nada sou eu. O verdadeiro de Coimbra é Necroverso, Terra Intermédia, Cemitéria e Vomitória, o falso do Porto é Muschechoo práli Muschechoo pralá, sei lá quantos números de fanzines e livros que parece que nunca concluem levando os fãs às Terras de Histéria (terra imaginada por mim, caragu!). Já perdi a conta e agora saiu mais este Musclechoo Well Adjusted File-001 (Palpable Press; 2024) que junta BDs com o Rudolfo a usar o braço esquerdo com lápis de cores e a contar histórias que fedem a autobiografia da vidinha de pagar a renda de casa numa economia de merda em que vivemos todos e um "devlog" do seu videojogo Memórias Artificais, seja lá o que é um "devlog"... Pelo meio imagens de "esculturas" desenvolvidas por Rudolfo que acho que são também para o jogo, acho eu, sei lá... Perdido com tanto "lore" (palavra mais usada pelos "nerds" nos últimos tempos) que já nem sei a quantas ando. Por falar nisso, estive a pensar, que A Batalha anda há uns anos a sair sempre tarde e como há livros, discos e zines que não fazem sentido nas suas páginas, que tal eu voltar aqui ao blogue, uma vez por mês com uma resenhazita tipo "1 livro 1 disco 1 zine"?

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

FEIA Parangona UIVO


cartaz alternativo de André Lemos


FEIA / Parangona: vamos estar nesta feira de índios dupla com montes de novidades: Sexopatia, Maldito Aquele Lugar, O Autocarro e Massa Crítica
Ai caramba!!!

Horário:
6 Dez, Sexta: 18h—21h
7 Dez, Sábado: 12h—20h
8 Dez, Domingo: 12h—18h
 
A Norte, na Maia, Rudolfo estará no UIVO a representar alguns títulos nossos e da defunta MMMNNNRRRG (2000-20)





quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Táxi! Casal Ventoso, sff


CAB: Roadkill (Rasga; 2024)

Tal como todos os anos nasce uma percentagem de bebés que vão gostar daqui uns anos dos The Cure também há uma percentagem (menor) que vai curtir Whitehouse e do género "power electronics". Talvez o mundo não esteja perdido afinal de contas! CAB mostra que há uma diferença entre os "drone-noisers" chatos que andam por aí e a recuperação sónica dinâmica e textual de "shock values" de uma certa subcultura Industrial do século passado. Não basta dar cabo dos tímpanos de um gajo, tem de haver berraria com conteúdo pouco saudável para este novo milénio, para mandar os "wokes" à fava e ainda (sacrilégio) pensar que se pode fazer arte perigosa. 

É impossível não pensar nesta k7 sem comparar com The Book of Dave de Will Self - uma distopia em que o diário de um taxista misógino e com problemas de saúde mental é encontrado no pós-apocalipse e serve como "Bíblia" para a nova civilização. Música scary as fuck que justifica a invenção do Uber. Se acham piada gozar com os taxistas, então fuck you, seus burgueses de merda! Haviam de estar no lugar deles para verem o que é bom!!! Não é o que se pretende! A fundo, ó chefe!

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

ccc@festa.do.livro.2024


Voltamos à Festa do Livro na Fundação Oriente mas sem apresentações (sem tempo) e menos livros (porque esgotam)...

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Dream Journal #1

Ainda recentemente tinha escrito sobre o Soñario #4 n'A Batalha e eis que Roger Omar, a cabeça deste El monstruo de colores no tiene boca se passa! Depois de um historial fantástico de mini-formatos, acordou para vida e toca a publicar um monstro com cores, boca e 28 páginas A3 que parece uma galeria! Estas é daquelas poucas vezes que como editor da defunta MMMNNNRRRG e  da Chili Com Carne, que ao fazer os livros de João Maio Pinto, André Ruivo e a colectânea QCD... que me posso vingar! 

Vingar como? Assim, posso dizer: "porra dá mesmo vontade de comprar dois, um para guardar e outros para rasgar as páginas para pôr em molduras!"

Futilidade e brincadeiras à parte, Dream Journal é um impressionante catálogo de novas tendências gráficas de toda a parte do planeta, sob o mote dos sonhos que os artistas tiveram. Mais ilustrativa que narrativa em que até curtia dizer os nomes dos artistas mais impressionantes senão não fosse tão preguiçoso e se houvesse um índice decente. Não sei que raio de ideia foi esta de aproveitar o espaço de créditos dos nomes dos artistas estão, invés os endereços fatelas dos instagrams dos artistas. Agora sou eu que me passo! Porque caralho, um projecto independente há de dar publicidade a uma rede social que nos fode a todos? Não há alternativas na 'net? Porra! E não tendo uma conta também não os consigo aceder sequer, não foi só uma piada de preguiça! Que pesadelo tecnocrata!

Vá, o Bhanu Pratap (da Índia) ou Woshibai (China) tem de ser referidos... e o Art was a mistake da Hungria creio... O monstro sem boca vai conquistar o mundo assim!

Loverboy na Feira das Vanessas --- últimos 8 exemplares! à venda na NEAT RECORDS





Não estamos a vender bonecos!

Já várias dezenas de pessoas nos abordaram com esta nossa promoção do livro Loverboy na Feira das Vanessas a pensar que estamos a fazer bonecos do Loverboy (em vestimenta de beto e outra de grunge), Leonardo e Astarot.
Errado!

É um novo e último livro com BDs da emblemática série Loverboy. As fotos tem uma história antiga é certo. Eis uma ficha técnica que resolve alguns dos problemas colocados:

Sétimo volume da colecção Mercantologia; Publicação da Associação Chili Com Carne; Edição de Marcos Farrajota; Design de Joana Pires; Capa e fotos de olhos(«Ä»)zumbir realizadas no estúdio da União Artística do Trancão e em Sede Adres, com apoio à produção de xoscx e Adres. Bonecos realizados por Miguel Rocha e Alex Gozblau para a exposição "Loverboy Store: Liquidação Total" no Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada 2001, na Cordoaria Nacional.


O livro Loverboy na Feira das Vanessas está à venda no site da Chili Com Carne (com uma oferta vintage dos anos 90, sim os anos 90 já são vintage!!), BdMania, Neat Records e A Vida Portuguesa.

Se os Black Sabbath podem... E os Sex Pistols, Blondie, Rage Against the Machine, Faith No More, Ornatos Violeta, Bauhaus, Zen!!! E até os Queen, Dead Kennedys, Doors, Christian Death, etc... Mau! Se tudo que é gato-sapato de banda pode voltar porque não o Loverboy & cia.?
...

Que se lixe os 80, eu quero a minha vida de volta dos anos 90!

A cultura que vivemos é de "retromania" como demonstrou o excelente livro de Simon Reynolds, e é curioso que existem vários fenómenos de revivalismos noutros países apesar de estarem sobre o jugo do do imperialismo anglo-saxónico.

São os fenómenos locais, como por exemplo, Portugal que não tinha uma tradição de Pop eis que 20 anos depois do aparecimento dos execráveis Resistência ou das popularuchas digressões “Portugal ao vivo”, ei-las a reaparecerem nos últimos meses para oferecer um conforto nostálgico à primeira geração 100% Pop portuguesa.

Onde fica a série de BD Loverboy no meio disto? Não sabemos mas esperemos que não fique entre o sem-pescoço do Tim e as moustaches-de-quem-precisa-de-sair-do-armário dos Pólo Norte! Iiiiirc....

Entretanto... os cromos não percebem que este livro é a gozar com eles e sonham com séries de TV e atribuem Troféus!!! Go get a fucking life!!!

domingo, 17 de novembro de 2024

ABRACADABRA


 'Tá a caminho de lá... mas já cá 'tá na shop em linha!

sábado, 16 de novembro de 2024

Na próxima segunda...

para os mais entesados, já se encontram exemplares na Cult... em Alvalade, Lx...
 

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Gato maconheiro

O DJ Cat Gosshie chegou ao Brazzzzzzzil

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Lento, profundo e duro no Vortex




Companheiros da Penumbra é um livro gigantesco, lançado em Outubro de 2022, que marcou o regresso de Nunsky à Banda Desenhada, desta vez, em modo de memória flutuante para relatar um período específico de uma tribo específica no Porto. Falamos da cena Gótica dos anos 90 em envolvia sobretudo as festas no Heaven's. 

Todas estas pessoas, com um ou outro nome, existiram, sonharam e viveram num Porto “podre”, sombra caricatural de uma cidade europeia, que sonhava com a promessa do novo milénio. Filhos bastardos de um tempo menos distante do aos olhos românticos parecia, de uma Northampton ou Londres ida e de uma Los Angeles decadente que nunca existiu senão nas mentes dos rejeitados que vomitou para as margens da história. 

Empregados de mesa e armazém que ao cair da noite – qual Bruce Wayne – se transformavam em Lordes Vitorianos, meninas confusas que queimavam na “má vida” o grito que os seus pais acreditavam investir numa educação de excelência, adolescentes que encontravam na escuridão da noite o manto protetor para as suas angustias e a garantia de um alter-ego suficientemente forte para resistir à porrada da vida, esbarrando-se com adultos com síndrome de Peter Pan, que reforçavam obstinadamente o universo de fantasia, rejeitando, com um magnânimo pirete o que comumente reconhecemos como “mundo real”.




Artista premiado pelo Festival da Amadora em 2015 com o romance histórico Erzsébet, desde 2016 que preparava este extenso retrato de uma época entesada. Voltou assim à BD Amadora, em 2022, originais de Nunsky para serem admirados - e falamos a sério tal é o rigor das suas pranchas, acrescentada com uma habitual exagerada cenografia. 

Em 2024, os originais giraram na Mundo Fantasma reabrindo a sua galeria entre Fevereiro e Março. A exposição está entretanto no Forum Maia até 16 de Junho.


São 300 páginas a preto e branco, 19x26cm, capa a 2 cores com badanas

O livrão esgotou a sua primeira impressão mas cá canta uma nova na nossa loja em linha 
e agora deverão encontrar os últimos exemplares da primeira misturados com a segunda na Snob, Tigre de Papel, ZDB, BdMania, Linha de Sombra, Neat Records, Matéria Prima, Tasca Mastai, Cult, Kingpin Books, Universal Tongue, Matéria Prima, Socorro, Utopia, FNAC, Mundo Fantasma, Senhora Presidenta, Vida Portuguesa, Alquimia, VelhotesLouie Louie Porto, Equilibrium Music e Piranha!








Mais títulos do autor: 
88 (Mesinha de Cabeceira #13, Chili Com Carne; 1997)
Erzsébet (Chili Com Carne; 2014) com edição brasileira na Zarabatana
Nadja - Ninfeta Virgem do Inferno (MMMNNNRRRG; 2015) com edição em inglês
Espero chegar em breve (MMMNNNRRRG; 2016)



Feedback

(...) parabéns pela edição dos Companheiros da Penumbra. O livro é muito bom, um trabalho de fôlego coerente, sincero, com coração e realismo de um tempo e atitude, nada comum neste "mercado" lusitano. Uma enorme surpresa positiva para mim, mesmo conhecendo bem o trabalho do Nunsky. 
André Lemos (via email)

O livro está muito bom e é um óptimo apanhado de uma certa atmosfera que se perdeu neste Porto gentrificado e de papelão, cheio de patetices circenses e tourist-trapsClaro que fico com o coração cheio (...) ao reconhecer (literalmente ou por associação) algumas personagens, locais, modus operandi do underground, imbróglios amorosos, conflitos, mitificações e delírios inerentes ao "tribalismo", etc... Capta-se o arco em que a fantasia teen atinge o um pico criativo e anímico para se desvanecer como o fumo de qualquer concerto rock. Mas este é já um mundo perdido e que o Nunsky conseguiu captar muito bem sem o bafejar com melancolias e sem que o leitor sinta que está perante um relicário. Mais uma vez, a arte do Nunsky é incrível, e acho que a par do Erzsébet, este é o seu melhor trabalho gráfico. (...) Em termos narrativos, há algo que por vezes parece meio encravado, como se os episódios que compõem a história fossem cortados e colados de forma abrupta. No entanto, consigo encontrar um certo charme nisso, tornando tudo mais rude e por vezes confuso (num sentido positivamente estético - como uma parede com múltiplos cartazes sobrepostos ou um fanzine realizado nas franjas entre "corte e cola" e o "photoshop").
Só uma nota: creio que o Yura que aparece a dançar no Heaven's é o famoso "Iur" que o Gustavo Costa gravou para o projecto Derrame Sanguineo, cujas faixas foram publicadas num split com Sektor 304 (...) Nunca o conheci, mas conta-se que ele era o "freak com cabelo à Blixa" e que vagueava pelo Porto com a cara pintada de dourado. Era um dos alvos perfeitos para os skins. Existe o mito que ele queria montar um projecto de música experimental em que iria amplificar lâminas de barbear montadas verticalmente numa caixa e largaria centopeias lá para dentro. Mas mitos são mitos e bocas dizem o que dizem. 
PS - (...) agora é que liguei os pontos!!! A última faixa desse split é com o João e o baterista dos Martyrium (AHAHA) nas percussões!
André Coelho (via email)  

Este livro é uma viagem de comboio fantasma com destino à nostalgia. O texto está incrível e o desenho está lá em cima ao pé dos melhores.
Rodolfo Mariano (via email)

blá blá blá de tótós

Companheiros da penumbra é um marco significativo da produção contemporânea de banda desenhada, sobretudo de um registo realista, e plenamente ancorado na realidade portuguesa – o que não implica menos potencialidade de espelhar outras experiências distintas. No panorama actual, em que a esmagadora maioria da produção roça sempre um qualquer campo do fantasioso, do género, ou até mesmo de fórmulas escapistas, muitas vezes até pouco buriladas e medíocres, um livro desta natureza sobressai sobremaneira. Não iria ao ponto de o o chamar “jornalístico”, “antropológico”, “documental”, mas há sem dúvida elementos desses registos presentes ao longo desta narrativa. Esse ancoramento está presente não apenas através dos muitos momentos de referencialidade, mas com a vivência da cidade do Porto e os movimentos espaciais, a magnífica escrita com diálogos vívidos, variados e verdadeiros, as personalidades acabadas das personagens, e até o cunho tão específico que Nunsky consegue criar com os rostos de tantas personagens/pessoas. (...) No entanto, uma das vantagens de Companheiros sobre todos esses modelos é que não se entrega a nenhum exercício facilitista com uma intriga melodramática, lamechas ou de crise central. Há um plot, sim, mas simples. Há uma história de amor, há um road movie, há um conflito entre amigos, há uma missão a cumprir, há mesmo uma morte. Mas pela sua fluidez e estranha calmia de execução, em que um episódio flui para o próximo, não tanto na cadeia aristotélica de causa e consequência, mas na inevitabilidade do tempo, o que sobressai é mais um ambiente, que recorda uma “fase”, imaginamos, da vida dos dois jovens protagonistas, Paulo “Nunsky” e Alex “Hipnos”. Com efeito, o autor opta muito menos por elementos dramáticos e conflitos reconhecíveis como tal, de uma maneira flagrante – por hipótese, um conflito com os pais, uma decisão fulcral de vida, uma adição fatal, um crime espantoso –, do que uma espécie de testemunho, quase de mera afirmação, do sucedido nessa tal fase.

(...) o discurso visual e narrativo de Nunsky faz desta cena um espaço onde a memória se convoca como espaço de resistência, mas também de solidariedade, partilha de afectos e barricada protectora contra uma sociedade consumista que, confirmamos agora, já se desenhava com ímpeto nessa década final do século XX e é hoje a regra num Porto gentrificado como quase todas as grandes cidades europeias.

Companheiros da Penumbra conduz-nos por um tempo, um lugar e um universo específicos. Magistral retrato de época em BD, vai mais além.

Eu não estou mesmo nada a par de como anda o panorama da bd nacional, mas este gajo está a um nível que apanhei poucas vezes por cá. Tenho ideia que no contexto local, é mesmo muito raro apanhar um volume destes, em que há a mesma coesão quer a nível narrativo quer gráfico do principio ao fim. (...) Na parte da narrativa, li uns comentários/ críticas (...) que malhavam um bocado na construção da narrativa, no sentido de haver cortes abruptos, etc... Não senti nada disso. Os saltos e interrupções que acontecem fazem todo o sentido na forma como a história é contada a través de memórias pessoais e de recordações maisou menos dispersas, embora sempre a seguir uma suposta linha cronológica. É absolutamente fantástico revisitar o porto do final dos 90s/ principios de 2000. (os bares da ribeira e o cubo à pinha, o luso…)
F.Q. (via email)

(...) Desengane-se quem pensa que este é um livro de nicho, pensado para quem andou pelas noites góticas ou pela música de Bauhaus ou Love and Rockets. Companheiros da Penumbra é uma ode às partilhas intensas da juventude, e não necessariamente da juventude gótica. Por trás das roupas negras, dos adereços e dos ambientes existencialistas marcados por um determinado tipo de música, o que lemos nestas pranchas é universal, não se fecha numa qualquer tribo, ainda que a linguagem partilhada dessa tribo ajude a definir o enredo e a estruturar o seu desenvolvimento. Por outro lado, há neste livro uma presença tão forte da cidade do Porto que impossível assumir a geografia apenas como um elemento narrativo; na verdade, o Porto é aqui mais do que cenário, uma espécie de seiva que dá configuração a estas vivências e aos episódios lembrados. E tal como o grupo de personagens no centro da história, também a cidade é uma memória que se convoca como parte de uma construção identitária, e não tanto como uma nostalgia. Toda a narrativa de Companheiros da Penumbra assenta nesse gesto de olhar o passado, não com o olhar do saudosismo mais plano, mas como parte integrante do que se foi construindo – com as lembranças, as festas, as descobertas e as dores que se foram acumulando – e que agora é também presente, ainda que as roupas pretas e os adereços soturnos tenham ficado esquecidos nas gavetas.

(...) obriga a uma leitura atenta e activa. (...) Em mãos menos capazes, este livro facilmente resvalaria para um relato nostálgico de um tempo que já lá vai: nas de Nunsky, ele canta; em tons lúgubres e sinistros, mas carregados de uma força e alegria que vai para além daquelas catacumbas.
André Pereira in A Batalha

Banda Desenhada ou Novela Gráfica? Da ou De Penumbra? Traço genial!

(...) Novela gráfica sobre a tribo gótica do Porto. As aventuras, sobretudo noctívagas como convém, as amizades que se engendram em torno da música, os 1001 esquemas dos donos do bar, o traçadinho e a Ribeira, descampados e casas abandonadas.

2ª impressão do livro em Setembro 2023, ou seja, mais 666 exemplares!!!

nomeado para Melhor Obra Portuguesa pela BD Amadora 2023

Já li o Nunsky!!! É bom, é competente, e é, sem dúvida, entertaining. Entra-se facilmente naquilo e, tudo ponderado, acaba por resistir à pergunta (que me fiz a mim mesmo algumas vezes): “porque é que eu estou a ler trezentas páginas de bebedeiras e góticalhices foleiras da província?” A escrita é boa, é fluída e é competente. (---) No fim do dia, uma boa leitura. Uma boa obra!!
RG por email

Entrevista no portal Central Comics

(...) Nunsky retrata-nos o lugar de uma forma extremamente verosímil e pareceu-me sempre ter o cuidado em não magoar em vão, sem querer ferir as pessoas à sua volta e isso é muito à Porto. Por contradição.

(...) É desse tempo, em que podíamos ser músicos, editores, organizadores de espectáculos, estilistas, realizadores de cinema, autores de banda desenhada, sem ter de gastar uma vida em cada uma dessas vocações, que nos fala esta banda desenhada ímpar. Anos feitos de conspirações à mesa do café, sessões de cinema em casa de amigos, palcos improvisados em casas de alterne, incursões ao Portugal “real”, excessos e amores suspirados, conquistas e derrotas amargas. Mesmo para quem não se entregou às trevas da nação gótica, mas abraçou uma qualquer tribo urbana, Companheiros da Penumbra é um local perfeitamente reconhecível, nostalgicamente familiar.