terça-feira, 25 de novembro de 2008

Se ensinassem Grindcore na escola, aprendíamos mais rápido...

- Pedra, vocalista de Grog dixit num concerto recente no Ponto de Encontro (Cacilhas)



Dynamite: Onward future (Trapp; 2004)
v/a: A FlorCaveira apresenta o Advento (FlorCaveira / MBari; 2008)

Dois discos de Inverno e Inferno, muito próximos um do outro, pelos Folks que tocam em cerca de 30 minutos cada. O primeiro vindo do Canadá pelos artistas Tyler Brett e Tony Romano que tocam e ilustram o livrinho do CD é um produto sofisticado na produção. Começa com passarinhos a fazer o que os passarinhos sabem fazer melhor num registo áudio. Depois um Drone aproxima-se e come os passarinhos! Não, não, nada disso, depois vão aparecendo vozes e um ambiente deprimente entre o Goth e o Folk, ou melhor, quase Dark Folk feito de passos lentos (na neve?) enquanto as faces vão queimando com o gelo. Um disco de sofá e chá, simpático e para todas as idades de Nick Drakes, Leonard Cohens, Current 93's e Prunes... Com 35 anos, pelos vistos, estou a desacelerar na rapidze na música e a apreciar mesmo este tipo de coisas... nunca pensei!
A FlorCaveira está na moda, conseguiu romper as fronteiras do anonimato e a família cresceu - já há católicos e pagões no seio (no seio) no seio do, da... família ou melhor no seio do Tiago Guillul que agora tem montes de gajos para aturar... É bom não estar sozinho, é bom fazer um álbum de Natal com o Apocalipse como fantasma, é bom comemorar um ano intenso de actividade sem estar com a família real... mas ter apenas um "paz melódica" como registo é que não! Nada de Grindcore, nada de «panque roque do senhor» só baladinhas de «panque medieval». Este é um álbum de síntese da matéria dada: gravado no "ló-fai" caseiro como nunca antes em Portugal o tenha conseguido fazer de forma inteligente mas sabe a pouco para quem conheça bem o potencial da FlorCaveira. O Guillul agora deverá ter cuidado com o que faz, já começa a ficar longe os tempos em que a edição de CD-R's serviam apenas como um objecto de divulgação. Os holofotes do Diabo espreitam à espera do erro deste guerrilheiro cristão e ele terá de ser ainda mais severo na sua Caminhada. Primeiro, deverá pensar que as futuras edições tem de ter um teor definitivo - que um disco não é um apanhado de faixas ou de músicas em "work-in-progress". A Deus-Pop assim obriga caso contrário hoje não poderíamos adorar os Heróis do Mar ou o António Variações se não houvesse músicas "definitivas" - e mesmo para uma colectânea, este disco paarece uma manta-de-retalhos. Segundo, irá a FlorCaveira amansar? Já amansou? Esperava mais deste disco que reúne tanta gente (dos Pontos Negros ao reciclado Jorge Cruz, do Samuel Úria ao Manuel Fúria) e que finalmente tem uma capa "deluxe" feita por um certo escroque (na pior tradição FlorCaveira não encontrei a imagem completa, o que vêm é um excerto). Parece haver uma sintonia nesta comunidade (o "cantautorismo", o "lou-fai" e a demanda da melodia) mas pouco ou nada haver com um certo passado (sim cliquem no hiper-texto!) que achava bastante mais saudável de co-existência. Não me digam que aquela história dos 30 dinheiros é verdade... Bring the noise!

Kiitos à Kristiina Kolehmainen pelo disco dos Dynamite. Um saravá ao Tiago Guillul pelo segundo disco... Um saravá!?

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