Lisbon trash
Sairam nestes últimos dias algumas publicações "trash", ou seja, umas publicações poucos sérias e amantes da cultura Pop mas daquelas relações amor/ódio da coisa. Podem ser divertidas de ler e talvez sirvam apenas para isso, para uma inconsequência feliz.
O caso mais óbvio de tal é Março Anormal (El Pep, 2010) de Tércio de Vina (que já colaborou nos velhos tempos fotocópia do Mesinha de Cabeceira e voltou a fazé-lo recentemente no Seitan Seitan Scum), cheio de non-sense nas suas 80 páginas! A história é estúpida até ao tutano ao ponto de meter um pato com uma pila gigante (o que se passa? parece que o livro do Janus está na crista da onda, não?), um sado/maso armado em artísta e um Rambo que curte Slayer ao barulho, num enredo bastante idiota e divertido. Puro Anthrax!
As incongruências entre analógico e digital (por ex.: as letras das onamatopeias não serem desenhadas à mão ficam feias em computador ou pelo menos incongruentes com o grafismo) mostram falta de gosto dos seus criadores e produtores mas "falta de gosto" é o sub-título destas coisas, por isso... Who cares a lot?
Aproxima-se o Festival de BD de Beja e já se sabe que os ateliers Lisbon Studio terão uma exposição no evento, razão ideial para lançar The Lisbon Studio Mag #1 (Lisbon Studio + El Pep; Mai'10) uma antologia-portfolio dos talentos que pupulam por aquelas bandas: autores de bd, ilustradores, argumentistas, fotógrafos, animação, programadores de jogos de computador,... todos eles ligados à cultura mainstream e portanto Trash. É malta que trabalha prá Marvel e afins, por isso pouco haverá aqui de interesse, a não ser o desvaneio de Ricardo Cabral, as bd's de Lacas e Pepedelrey, uma bd muito boa de Tércio sobre o "nosso" serial-killer Diogo Alves - que está ao nível de um Johnny Ryan!
É sobretudo um livro que serve de promoção dos ateliers, que num primeiro volume talvez viva ainda de alguns restos de trabalhos mais do que outra coisa. Mas o irónico desta "mag" é que conhecendo a maioria dos seus autores, sei o quão egocêntricos ou (pelo menos) individualistas eles são - por serem free-lancers explica a personalidade? - curiosamente conseguiram fazer algo que outros colectivos mais comunitários não conseguiram fazer, que é uma publicação que apresenta um estúdio pronto para qualquer cliente ao mesmo tempo que despejam algum material para se divertirem. É curioso, e por isso merece os parabéns pelo modelo proposto. A Chili Com Carne fica com alguma inveja! É a vingança dos Nerds!
Por fim, o melhor porque é fotocópia e trás um vinil de música "obscura portuguesa" com problemas escatológicos Black Metal - mim calhou o Rancho das Rendilheiras da Praça, de Vila do Conde, com sérios problemas de menstruação! É o terceiro número do Reject'zine (Mai'10) de Andreia Rechena que abandona as participações alheias e a inércia de fazer bd para transformar o título numa publicação exclusiva do seu trabalho e de uma bd (de continuação), A Trágica Tricofobia de Zulmira. Trash puro, divertido e com Gore o suficiente para ser fixe! Alguns desenhos são freak-chic manhosos outros são bem alinhados quase a lembrar Alex Baladi. Uma esquizofrenia portanto! Tudo bem, desde que não venham a afectar a continuação da coisa...
o "Anormal" e a "Rejeitada" estão à venda no site da CCC
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