Os bons é que são sempre esquecidos...
Algumas mudanças de casa e de repente saltam meia-dúzia de edições que foram acumulando algures que não atraia a memória e a vontade de escrever sobre elas. Alguns casos, sei que as edições esgotaram mas dada a qualidade das mesmas tinham de ser divulgadas nem que seja para dar a conhecer os autores e adquirir trabalhos seus de futuros projectos.
No caso de Corpus (Lézard Actif; 2ªed. 2008) do francês Albert Foolmoon é um livro de autor com 16 desenhos de sobreposições de imagens de corpos (ou partes dele) criando um efeito surrealista de contemplação. Os desenhos são virtuosos e realistas, um trabalho sólido que poderá convencer qualquer um que esteja farto de "graphzines" degenerados. A edição é cuidada e forte - o papel que é impresso é bastante grosso.
Do mesmo autor e editor de The Walls are the publishers of the poor, Corpus encontra-se esgotada mas o trabalho de Foolmoon pode ser encontrado em outras antologias gráficas francesas espalhadas por aí...
O amigo Dice Industries (autor que participou na åbroïderij! HA! – International Graphic Arts Exhibition e em alguns números do Mesinha de Cabeceira) lançou mais números do seu "zine" Qwert, ou em auto-edição como Low Frenquencies (#13; 2008) ou por outras editoras como a austríaca Kabinett que editou Der Große Malspaß (#14; 2008). Em ambas publicações continua o seu trabalho de "remix" de imagens de bd's populares (Disneys, Mangas,... e do Casper já agora!) com resultados desconcertantes. Talvez possa não ser muito diferente da lógica surrealista das colagens de Max Ernst (A mulher das 100 cabeças, &etc; 2002) ou o Dry and Free from Greese (Opuntia Books; 2009) do André Lemos mas a diferença natural surge graças à matéria-prima com que Dice trabalha, 100% Pop e por isso redondinha e de formas "infanto-fofinhas". A maior parte das vezes é representada destruição e violência (de mesas, mobílias e casas mas as personagens (destruídoras) foram apagadas, ficando todo o sentido narrativo e pictórico descontextualizado. São eflúvios humorísticos, representações gráficas demagógicas, magia infantil em ácidos, são as entranhas do Rato Mickey reviradas ao contrário e sem hipótese de por na ordem. Será assim a Disneylândia se um tufão der cabo daquilo. Dá gozo... no caso do "Der grosse Malspass" ainda podemos gozar algo mais porque podemos colorir o livro, pelo menos em teoria...
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